sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Qual Messias?

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Quem dizeis que eu sou? 
Jesus, nos dados evangélicos, parece trabalhar com o insucesso. Depois de um tempo percorrido de sua missão, tem diante de si um quadro desanimador. Pergunta: “Quem dizem os homens que eu sou?” Diversas respostas mostram esse desconhecimento (Mc 8,27-28). Jesus parte então para o pessoal: “‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Pedro Respondeu: ‘Tu és o Messias’”. A Palavra Messias (aramaico) que é Cristo (em grego) significa, na resposta de Pedro, o rei messiânico, o Descendente de Davi, nele se esperava o Dom Divino, o Reino de Deus, o Shalom de Deus. É bom podermos analisar que Cristo queremos. Ou que entendemos por Jesus Cristo. Quase tudo reduz no que vai servir para mim. Parece que temos uma fé cristã sem Cristo. Cristo não é o Santo de Deus, mas um santo a mais no meio de tantos outros. A atitude de Pedro nos mostra seu discernimento. Relegar Cristo a essa atitude utilitarista é fazer como Pedro fez ao querer impedir que Jesus fizesse seu caminho de levar até o fim sua missão. Quando temos essa atitude podemos ser tidos como Satanás, fazendo suas obras como vemos nas tentações pelas quais Jesus passou. Ali o Inimigo, o Tentador, o Acusador que quer que Jesus chegue à glória antecipando os prodígios messiânicos sem que complete sua missão na cruz. Isso é pensar como os homens e não como Deus. Ao repreender Pedro, Jesus olha para os discípulos. Pelos pequeninos e frágeis, Jesus não entrega sua missão. 
Renuncia a si mesmo 
O sofrimento e a morte não são fim para Jesus. Sabe em quem confiou. A primeira leitura, descrevendo os sofrimentos do Servo de Deus, comenta que ele resiste porque “sabe que o Senhor é seu Auxiliador” (Is 50,7). O salmo descreve a situação do sofredor e a força que encontra em seus sofrimentos: “É o Senhor quem defende os humildes. Eu estava oprimido e salvou-me! (Sl 114). Onde encontrou Cristo sofredor seu conforto? “O Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que vai me condenar?”(Is 50,9ª). E ainda: “Eu amo o Senhor, porque ouviu o grito da minha oração” (Sl 114). A seguir Jesus mostra quem são seus discípulos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). Essa é a consciência que deve ter o discípulo de sua missão, como Jesus dissera aos apóstolos: “O Filho do Homem vai sofrer muito e ser rejeitado, ser morto e ressuscitar” (Mc 8,31). Para viver essa situação dolorosa, é necessário renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir” (Id,35). A renúncia não danifica a natureza humana. Mas liberta-a para algo superior ao que nos apegamos, que pode ser até a própria vida. “Quem perder sua vida por causa do Evangelho, isto é, Jesus, vai salvá-la” (Id). Aqui está o caminho espiritual de Jesus e nosso. 
A fé com obras 
A vida entregue não significa perdê-la, mas colocá-la como obra da fé. Não basta só a fé para se salvar. E não basta uma vida espiritual intimista deixando de lado as obras da caridade, e desprezando o mandamento de Jesus que é o amor. Por isso diz: “Tome a sua cruz e siga-me” (id). Há uma oração da Igreja que diz: “Caminhar com alegria na mesma caridade que levou vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo” (5º Dom ano B). Assim podemos responder quem é o discípulo de Jesus. Há necessidade de levarmos a Eucaristia para a vida. Tiago diz: “Mostra-me tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg 2,18). A Igreja não pode ser um cemitério de almas sem vida.

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