Evangelho segundo São Mateus 2,1-12.
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
«Onde está», perguntaram eles, «o rei dos Judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo».
Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.
Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.
Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta:
"Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo"».
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo».
Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante dele, adoraram-no. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra.
E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Tradução litúrgica da Bíblia
Santa Gertrudes de Helfta
(1256-1301)monja beneditina
O Arauto, Livro IV, SC 255
«Ofereceram-Lhe presentes:
ouro, incenso e mirra»
Na solene festa da Epifania, com base no modelo das oferendas dos reis, Gertrudes ofereceu a Deus, à laia de mirra, o corpo de Cristo, com todos os seus sofrimentos e toda a sua Paixão, por meio da qual queria apagar, para glória de Deus, os pecados de todos os homens, desde Adão até ao último homem. No lugar do incenso, ofereceu a alma de Cristo, cheia de devoção, com todos os atos da sua vida espiritual, para compensar as negligências de todo o universo. Por fim, à laia de ouro, ofereceu a divindade perfeitíssima de Cristo, com as delícias de que ela goza, para compensar as deficiências de todas as criaturas. Apareceu-lhe então o Senhor Jesus, apresentando esta oferenda como presente de grande valor à sempre adorável Trindade. E enquanto Ele atravessava, por assim dizer, o Céu, a corte celeste parecia fletir o joelho por respeito a esta oferenda. [...]
Gertrudes recordou então que certas pessoas, num gesto de humildade, lhe tinham pedido que oferecesse a Deus, no lugar delas e em memória destes presentes dos magos, as pequenas orações que tinham dirigido ao Senhor antes desta mesma festa. Tendo cumprido este pedido com toda a devoção possível, o Senhor Jesus voltou a aparecer-lhe, transportando pelo Céu esta segunda oferenda, como que para apresentá-la a Deus Pai. E todo o exército celeste acorreu à sua presença, celebrando os louvores desta oferenda como se se tratasse de um presente magnífico.
Deste modo, ela compreendeu que quando alguém oferece a Deus orações ou outros esforços, todo o senado do Céu aplaude este dom como oferenda agradável a Deus. Mas quando alguém, não se contentando em dar o que é seu, junta às suas próprias obras as obras - mais perfeitas - do Filho de Deus, os santos têm por essa oferenda [...] uma tal reverência que nada pode aspirar a tão alta dignidade a não ser a única e adorável Trindade, que está acima de tudo.
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