quarta-feira, 23 de outubro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Eis a serva do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Deus lhe dará o trono de Davi 
A liturgia nos coloca diante da proclamação mais rica que a história já possuiu: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). E, através de Maria, a Divindade recebe nossa humanidade. Aquele projeto de Deus de um paraíso terrestre é reconstituído no seio de uma jovem virgem. Ali o novo Adão é modelado pelo Espírito Santo de Deus e se chama Jesus, herdeiro de todas as promessas e dono do trono de Davi. A iniciativa Divina e recebe a colaboração toda humanidade. Maria é a resposta da humanidade. Ela é o Jardim fechado (Ct 4,12) onde Deus cria o novo paraíso que começa na terra e continua no Céu. Davi, em sua dedicação, quis construir um templo para Deus. Desde a saída do Egito até esse momento já se contavam quase trezentos anos. Deus recusa e lhe promete uma casa eterna. Seu reino subsistirá na pessoa de Jesus. Vemos a promessa de sua e de sua glorificação de Jesus ao receber do Pai um reino eterno e universal (Prefácio de Cristo Rei). A ação do Espírito não termina em Maria na qual gera o Filho de Deus Jesus, pois todos aqueles que são guiados pelo Espírito Santo são filhos de Deus (Rm 8,14). Participamos com Cristo dessa linhagem real, implantando o Reino de Deus no mundo. Esse Reino não acaba. 
Levar o evangelho a todos 
Continuando a fidelidade de Davi somos igualmente garantidos: “Guardarei eternamente para ele a minha graça e com Ele firmarei minha Aliança indissolúvel” (Sl 88). Participamos da aliança e recebemos a graça da promessa a Davi. Entramos com Jesus na construção desse Reino na terra até que seja dominado o último inimigo, que é a morte (1Cor 15,26). Paulo nos alerta que esse Reino de Cristo não é reservado somente para o povo de Israel. Ele foi intermediário de uma aliança para todos os povos. Jesus faz uma nova aliança e abre o Reino a todos: “O mistério (mantido em sigilo) foi manifestado e, mediante as Escrituras... foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé” (Rm 16,26). O Reino de Deus é para todos. Jesus não nasceu para um grupinho de escolhidos. Nasceu para o Universo e para todos os tempos. Não é uma religião a mais que é fundada, mas um projeto de Deus que é colocado em ação. Nos povos há sementes da fé que podem produzir muitos frutos e trazer uma renovação para a Igreja. É sempre hora de levar o Evangelho a todos e a todos os segmentos da humanidade. 
Uma casa para nós 
Diante do Mistério da Encarnação só temos que silenciar, adorar, reconhecer o amor de Deus pela humanidade e ternura da manifestação. Infelizmente o Natal foi engolido por muitos outros interesses. Não há que temer, pois Maria e José estavam sozinhos. A fé e a ternura de seus corações foram capazes de construir um berço para o Criador de todas as coisas. Ele se humilhou para que pudéssemos chegar ao Pai. O primeiro berço de Jesus foi o amor, a obediência da fé de Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua vontade” (Lc 1,38). E o Anjo retirou-se. Fazendo a vontade do Pai, não temos necessidade de nenhuma outra explicação. O humano é capaz de fazer seus caminhos em Deus, desde que esteja unido a essa vontade. E mais, constrói um reino que abre espaço para Deus. A encarnação e a salvação têm como alicerce a frase de Maria: Eis a serva do Senhor. Cristo escolhe ser o rei que serve. Maria a humanidade servidora.

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