terça-feira, 26 de março de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Novo céu e nova terra”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Um mandamento novo 
Os textos da liturgia desses domingos dão uma tríplice visão do mesmo ensinamento: Apresentam um texto de Jesus, sua realização no caminho da formação da Igreja e a realização definitiva. No 5º domingo da Páscoa, temos o ensinamento no qual Jesus nos dá um novo mandamento. Esse novo caminho é levado aos povos com a criação das comunidades e o sentido futuro. O mandamento do amor se realiza entre nós e abre a visão do novo céu e da nova terra. Passamos para a nova vida através dos sacramentos: “Fazei passar da Antiga à nova Vida aqueles a quem concedestes a comunhão nos vossos mistérios” (Oração pós-comunhão). No evangelho lemos que Jesus, no momento de sua glorificação tanto na morte como na ressurreição, dá-nos um novo mandamento, o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, deveis amar uns aos outros”. Este é o testemunho maior: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns ao outros” (Jo 13,34-35). O mandamento do amor não se reduz a um bem querer, um sentimento ou uma vaga dedicação. Jesus dá o mandamento que resume todos os demais (Mt 22,40). Não se trata em primeiro lugar de uma lei mas de uma vida, a vida que tem com o Pai. “O Pai e Eu somos um” (Jo 10,30). A unidade do amor que faz das três Pessoas da Trindade um único Deus, nos é dado como participação. A novidade não é que haja um mandamento diferente. Ele é vida que sempre se renova. João diz: o amor jamais acabará (1Cor 10,30). Não é um mandamento a ser obedecido, mas uma vida que se estabelece. 
Amai-vos uns aos outros como vos amei 
O amor é profundamente divino e totalmente humano. Ele se expande em ações de salvação, isto é, levar outros a viverem o mesmo amor na vida de comunidade como vemos na evangelização de Paulo e Barnabé. Por isso Jesus diz que o mandamento é amar como Ele amou: “Como vos amei, assim também vós deveis amar uns aos outros. Temos visto na Igreja e nas Igrejas que o importante são os detalhes que não comprometem a vida de entrega amorosa como Jesus realizou. Nem se fala de pecado contra o amor. Não há um comprometimento vital com o amor. Por isso perdemos a capacidade de expandir a fé, porque o amor não se expande. O novo céu e a nova terra são o paraíso total do bem maior que é o Amor. Imaginamos um paraíso baseado em nossas experiências humanas. É nossa vida terrena que deve se espelhar no Paraíso de Deus que é feito de misericórdia e piedade, amor, paciência e compaixão. “O Senhor é muito bom para com todos. Sua ternura abraça toda a criatura” (Sl 144). Jesus ensina que seu mandamento é amar como Ele amou. Como Jesus amou? Esvaziou-se, assumiu a condição de escravo, fez-se obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou (Fl 2.6-11). Esse é o modo de amar. 
Nisto conhecerão que sois meus discípulos 
Tendo amor uns pelos outros, poderemos dar um testemunho consistente de Jesus Cristo. Examinando nossa vida percebemos que falta muito para que o amor nos domine e seja a razão de nossa vida cristã. Não interessa uma Igreja política e economicamente poderosa. Interessa que ela cuide do ser humano, seja ele quem for. Nele está estampando o rosto de Cristo. Jesus nasceu para todos e a todos salvou. Compete a nós continuar sua missão sendo tudo para todos, como foi Paulo (1Cor 9,19). Aqui corremos o risco de viver um cristianismo diferente da fé que Jesus nos transmitiu e ensinou. A oração pós-comunhão convida a passar da antiga à nova vida. A Ressurreição atua em nós.

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