domingo, 24 de março de 2019

Homilia do 3º Domingo da Quaresma (24.03.19)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
“Eu vi a aflição de meu povo!”
 Um Deus presente 
As Sagradas Escrituras usam muitos símbolos para explicar a Palavra de Deus. A árvore que produz fruto significa o fiel crente em Deus que, plantado à beira d’água tem vida e produz abundantes frutos. Deus cobra bons resultados. Escolhera para Si um povo para que pudesse levar adiante a grande obra da salvação. Ele sempre toma a “iniciativa”, como lemos na manifestação de Deus a Moisés no monte Horeb (Ex 3,1-8ª.13-15). Ali o chama a assumir a missão de tirar o povo do Egito, onde os filhos de Abraão, os judeus, sofriam horrível escravidão. Porque fizera a promessa aos pais (Abraão, Isaac e Jacó), não os abandona. Assim é toda sua história: sempre, em seus sofrimentos, é libertado por Deus de modo maravilhoso. É um Deus presente, não porque o povo mereça, mas porque há uma aliança que sustenta essa vontade salvadora. É o que rezamos no salmo: “O Senhor é indulgente e favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande seu amor aos que O temem” (Sl 102). Mesmo que o povo se distancie por seus pecados, Deus não se cansa de perdoar: “Ele te perdoa toda a culpa e cura toda a tua enfermidade; da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Id). Se grandiosa foi a libertação do Egito, grandiosa deveria ser a correspondência. Vivemos esse momento de Quaresma refletindo sobre os caminhos de Deus na história do povo. É momento de certificar que estamos nessa história e repetimos a correspondência a que fomos chamados. A Palavra de Deus se faz plena em nós.
Deus desceu e viu 
As Escrituras afirmam que as manifestações de Deus são sempre gestos de libertação, sobretudo dos fracos e humildes. É um Deus que liberta e salva. Em suas escolhas está sempre embutido um gesto de libertação. “O Senhor é bondoso e compassivo” (Sl 102). É certo que preferimos um Deus vingativo. Certamente em relação aos outros. Somos maus e queremos colocar em Deus nossos sentimentos. A revelação de Deus a Moisés demonstra sua decisão sobre os sofredores no Egito: “Eu vi, ouvi, desci para levar o povo para uma terra boa”. A atitude de Deus para com o povo se repete em tantos momentos da história. A própria encarnação de Jesus é, em vista da redenção da humanidade de um Egito, muito pior que é a escravidão do pecado. Seu nome reflete o pensamento “Deus é salvação”. A parábola do bom samaritano retoma o caminho de Deus: “Viu o homem caído, desceu do seu cavalo, cuidou do homem e levou para a hospedaria, e prometeu voltar para cuidar” (Lc 10,25-37). Quem acolhe o Evangelho acolhe também a mentalidade de Deus expressa na história e manifestada em Jesus. Deus cobra de nós atitudes iguais. A figueira que não produz fruto deve ser arrancada. Deus ainda é paciente, dá os auxílios necessários. Mas, se não dermos frutos, poderemos ser cortados (Lc 13,9). 
Cuidado para não cair 
Paulo é muito claro dizendo que dos judeus que saíram do Egito depois de verem os milagres de libertação que Deus fizera por eles, na passagem do Mar Vermelho e no deserto, não entraram na terra prometida por causa de seus pecados de murmuração contra Deus. E diz: “Quem julga estar de pé, tome cuidado para não cair” (1Cor 10,1-12). A escolha de Moisés, homem fraco, que nem falava direito, abre para nós possibilidades imensas de produzirmos frutos de salvação para o mundo. Deus escolhe o que é desprezível para confundir os fortes, como o fez com Maria, com os apóstolos e nós hoje. 
Leituras: Êxodo 3,1-8ª.13-15;Salmo 102; 1Coríntios 10,1-6.10.12; Lucas 13,1-9. 
1.Se grandiosa foi a libertação do Egito, grandiosa deveria ser a correspondência.
2.Quem acolhe o Evangelho acolhe a mentalidade de Deus manifestada em Jesus. 
3.Não repitamos o erro dos judeus que murmuraram e não entraram na Terra prometida.
Limpando o jardim 
Deus deu ao homem o cuidado do Jardim do Paraíso. Com o pecado fica responsável de deixar em dia seu jardim interior que é o paraíso de Deus (Sto. Afonso). Deus quer fruta boa, como Jesus buscou frutos numa figueira, fora do tempo. Sempre quer os frutos de nossa dedicação ao Evangelho na comunidade. Ele continua bondoso, dando ainda chances para chegarmos em uma terrinha ao pé dá árvore de nossa vida para que possamos produzir fruto. Não esperemos que sejamos cortados. Muito fez por nós. Espera que correspondamos. Deus faz milagres, mas das possibilidades que nos deu, cuidemos nós. A Quaresma é a oportunidade que temos de levar adiante nossa caminhada de libertação do mal e da produção de frutos sadios para a mesa do mundo.

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