Um Deus que transforma
A liturgia deste
3º Domingo Comum é uma explosão de alegria não diante de um milagre, que já é
maravilhoso, mas diante do Deus que opera maravilhas incontáveis. A cura do
cego é um exemplo. A profecia de transformação sobre a volta dos exilados se
realiza também nos muitos gestos de Jesus.
Vivemos continuamente dos milagres que Deus faz por nós. Isso nos leva a
tomar uma atitude de um jubiloso agradecimento. Não temos essa sensibilidade
espiritual de perceber que em “Deus nos movemos e existimos” (At
17,28).
Creio que nos falta sofrimento para saber o quanto Deus nos salva e liberta. O
povo no cativeiro foi capaz de perceber que ele era culpado. Estavam pagando
pelo pecado de ter abandonado a Deus e não vivido a sua lei. Ali, como nos
narra o salmo 137, souberam chorar de saudades da cidade santa e de suas
alegrias. Nesse arrependimento, Deus se adianta na libertação, como nos
profetiza Jeremias (31,7-9). Deus reúne seu povo disperso e
o conduz com carinho, como um pai. O povo exulta, como no salmo 125. A mudança
de sofrimento para a vida é como a mudança como das torrentes no deserto.
Sentem como numa colheita. A semeadura pode ser dolorosa, a colheita festiva:
“Chorando de tristeza sairão. Espalhando suas sementes; cantando de alegria
voltarão, carregando seus feixes”(Sl 125). Maravilhas fez
conosco o Senhor, exultemos de alegria! A Eucaristia quer ser esse momento de
ação de graças por tudo. Ela se transformou em um momento de peso, de sono, de
missa que lembra mortos, de pressa, de críticas e mal estar. Ela é alegria.
Ele seguia Jesus
O cego, da
escuridão de si mesmo levanta seu clamor: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de
mim” (Mc 10,47). Ainda mandavam que se calasse. Não tem
nem o direito de reclamar. Mas sua fé em Jesus supera os obstáculos. Jesus dialoga
com ele: “Que queres que eu te faça?” Responde: “Mestre, que eu veja”. O pedido
que vem da profundeza do ser nasce da fé profunda. Jesus responde com carinho
reconhecendo nele a fé de todo o discípulo: “Vai, a tua a fé te curou!”. Vemos
o resultado do milagre: “No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia Jesus
pelo caminho”. Há um dado interessante: Quando Jesus o chama, os mesmos que
mandavam que calasse, dizem: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”. O estímulo
na fé faz parte da saúde do corpo de Cristo e motiva os que o redeiam. O
milagre não é a solução de um problema pessoal, mas uma proposta de seguir
Jesus pelo caminho como discípulo que agora vê Jesus como caminho. Chamá-lo de
Mestre é professar sua ressurreição. Jesus é sempre o Vivo. Ele vê a luz e
segue a luz. A Eucaristia é momento de ver a luz e seguir no caminho da Luz que
é Jesus. Só pensam em cumprir uma lei. Precisamos de uma missa que nasce do
milagre dos olhos abertos.
Sacerdócio que
transforma
A carta aos
Hebreus nos traz uma reflexão sobre o Sumo Sacerdócio de Cristo. Tirado do meio
dos homens e, colocado em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus
para oferecer dons e sacrifícios pelo pecado. O sacerdócio de Cristo tem essa
dimensão antropológica: feito para o bem das pessoas que sofrem o pecado e suas
consequências. Marcado pela fragilidade sabe ter compaixão. Vemos aqui que a
fragilidade tem uma consequência no carinho e atenção para com as pessoas que
necessitam. Geralmente acontece que muitos sacerdotes são duros com o povo
porque não vem ou escondem suas fragilidades. São cheios de pecado, por isso,
oferecer por si e pelo povo.
Leituras: Jeremias 31,7-9; Salmo 125; Hebreus 5,1-6;
Marcos 10,46-52.
1. Deus faz maravilhas em nossa vida.
Das trevas faz luz.
2. O milagre é uma proposta de seguir
Jesus.
3. O sacerdote, marcado pela fragilidade
sabe ter compaixão.
O
pulo do cego
O homem era cego, não era surdo nem
estropiado. Pode pular, jogar o manto e ir até Jesus. Não são as condições
humanas que nos impedem de ir a Jesus com força e certeza. Já estava com o
discurso pronto: “Que queres que eu te faça?” “Que eu veja, Senhor!”. “Vai, a
tua fé te curou”. Coragem, disposição e, ir atrás do que se quer. Nossa opção
por Jesus exige disposição, senão não é fé. Não bastam pequenas mudanças. É
preciso ser radical, isto é, mudar de raiz. O que sustenta agora é Jesus.
Daí para frente o caminho é outro.
Ele seguiu Jesus. Quem sabe seja o que nos falta.
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