PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
Sabedoria de quem crê
Celebramos a festa dos dois apóstolos
Pedro e Paulo. A liturgia da festa insiste na diferente missão dos dois
apóstolos e em sua união, como rezamos no prefácio: “Vós nos concedeis
a alegria de festejar os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Pedro… fundou a Igreja
primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações,
anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois
congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem
hoje, por toda a terra, igual veneração”. Esta unidade na diversidade
aparece clara no chamado Concílio de Jerusalém quando decidiram não impor a lei
judaica aos pagãos convertidos à fé. A profissão de fé de Pedro, que lhe foi
revelada pelo Pai, torna-se alicerce da fé da Igreja (Mt 16,17-18). Paulo
combate pela fé até ser sacrificado por Cristo. Vivem a fé firmados no Senhor
que sentem sempre a seu lado (2Tm 4m17). Ela os fez capazes para dar uma
direção à Igreja. Pedro com as chaves do serviço, não do poder, abre para
judeus e pagãos convertidos as vastidões do Reino de Deus. Souberam sair de si,
de seus conceitos, seus princípios tradicionais do judaísmo para assumir a Sabedoria
do Espírito dado por Jesus. Hoje também há divisões. Mais que em doutrinas,
está nas tradições, nas culturas, enfim, nas pessoas. O que desune a Igreja de
Cristo é bem menor do que o que une. Fala-se da túnica de Cristo feita em
pedaços. Lembremos que temos uma túnica de diversas, a de José, feita com o
amor. Esta é símbolo da esposa de Cristo, adornada para o encontro com o
Esposo. Com a sabedoria da fé e do amor, poderemos voltar à unidade na
diversidade.
Aprendendo com Pedro e Paulo
Jesus promete dar
as chaves do Reino dos Céus. Pedro não foi “contratado” como porteiro do Céu,
como se vê na tradição popular. Ele foi colocado para abrir o Céu a todos os
que aceitarem o Evangelho de Jesus. Pedro teve capacidade de permanecer fiel à
fé de seus pais e deixar de lado as “tradições humanas” que vedaram a missão
universal do povo de Israel. A Igreja sempre vai ter dificuldades, pois é feita
de gente santa e pecadora. Aprender dos dois apóstolos é ter a capacidade de se
converter também no modo de pensar e dar passos na direção do Evangelho sempre
novo. A fé é alicerce e não estrutura social. Essa deve ser sempre purificada.
Pe. Vitor Coelho, redentorista, servo de Deus dizia que a Igreja não é de
bronze, pois enferruja. É uma árvore que precisa de um tronco firme e galhos
novos que a fazem crescer e se fortalecer. Os novos brotos podem secar e cair,
mas sem eles a árvore não cresce. A Igreja precisa também do dedo de Paulo. Ele
chamou a atenção de Pedro diante de todos, como lemos em Gálatas (2,11-14), Quem
dirige a Igreja necessita ouvir, pois podemos errar. Os dois apóstolos souberam
ouvir e decidir.
Assumindo com a Igreja
Celebrando Cristo
em seus dois Apóstolos, nós pedimos sua intercessão para que vivamos seus
ensinamentos. A celebração é sempre um compromisso com a Verdade. Podemos
aprender que a Igreja cresce na fé pela ação do Espírito Santo que anima os
corações. Cresce também com a abertura às novas necessidades da evangelização.
Poucas verdades são eternas. O que é humano pode ser renovado para o bem da
própria Igreja. A tradição tem valor enquanto fortalece a Tradição da fé e não
ideologias. A renovação é boa quando promove a Igreja a se purificar das
manchas e rugas (Ef 5,25-27). Ela se purifica no cuidado dar vida digna a todos
as pessoas sofredoras. A caridade a purifica.
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