A pessoa humana foi
sempre objeto de estudo nesses tantos séculos da história. A grande maravilha
que se tem em conta é que ela é como uma síntese de todas as forças do
universo. O homem é um microcosmo, como diz Demócrito, filósofo grego, 5º
século antes de Cristo. Tem em si tudo o que o universo possui. Carrega todo o
mundo material e, diferentemente dos outros seres, tem o mundo espiritual com o
qual se une à Vida Divina. A alma não é algo que se esconde dentro da pessoa,
mas o faz completo. Não há dualismo, mas unidade. Desse modo, nosso corpo é
feito para a eternidade pelo Espírito de Deus. É único e não se repete, pois é
completo no caminho de permanente crescimento. Corpo e espírito estão unidos
para sempre, mesmo depois da ressurreição que transformará levando a carne à
plenitude do projeto divino colocado em sua fragilidade. Não é possível separar
a alma do corpo, pois é uno. Haverá uma transformação do corpo pela
ressurreição. Não lidamos bem com nossa dimensão carnal. Pela história
encontramos momento nos quais ser matéria é um mal e tudo o que temos de humano
se torna obstáculo à dimensão espiritual. Chamou-se corpo do pecado. Tudo o que
chamamos de corpo era um mal a ser dominado, vencido por meio da penitência e
destruído. Todo desejo, sentido, prazer, gozo, carne e paixão virou pecado.
Deus nos deu uma natureza maravilhosa para viver a graça. Mesmo tendo a
tendência para o mal, a natureza humana é um meio para viver a graça redentora
de Cristo. Cristo foi humano como nós. Venceu o mal, mas seu corpo sagrado era
humano. “Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção” (Hb 4,15).
1461. A força da paixão
humana.
Sentimos que a
sexualidade foi muito mal interpretada e assumida tanto pela sociedade como
pela religião. Também ela é dom para Deus. Faz parte do corpo. Se tivéssemos
compreendido sua força de dom de Deus e caminho para a santificação não
estaríamos agora nisso que podemos chamar até de perversão. A força da paixão
humana, orientada e penetrada pela graça, torna-se promotora do encontro de
Deus nas pessoas. Jesus condenava até o mau desejo, porque não é amor. A
sexualidade sem o amor destrói o ser humano e o faz um extraviado. O
matrimônio, com tudo o que tem de carne e de espírito é a vocação fundamental
de todo a pessoa. Os que não se casam só se realizarão se tiverem a
profundidade do amor que é o fundamental para o relacionamento matrimonial. Uma
relação só é consistente se tem como fundamento o amor de entrega. A redenção
do homem e da mulher atinge todas as condições humanas. Nada fica ausente da
Graça que, só produz frutos se for habitado por ela. Não existe nada de mau no
ser humano, pois Deus criou todas as coisas “viu que tudo o que tinha feito e
era muito bom” (Gn 1,31).
1462. Deus em nossa carne
A santidade não destrói o
ser humano, pois Deus quis estar unido a nós na pessoa de seu Filho Amado.
Podemos até perguntar: Por que Jesus não foi casado? Ele se entregou a todos
amando totalmente cada um. Sua entrega se faz na união da divindade com a
humanidade em sua pessoa, muito mais que em uma relação. Assim mostrou como
Deus entra em nossa carne. Todos os que chamamos de santos souberam amar e dar
a vida por amor. É fundamental a exigência da sexualidade para uma completa
santidade. Por isso o matrimônio é o caminho mais fácil para a vivência da
santidade. Nele estão todos os dons e todos os desafios. Por termos assumido
mal a sexualidade, não temos santos casais canonizados. É preciso resgatar a
santidade da sexualidade. Assim renovamos a carne.
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