Celebramos
recentemente a festa de S. Pedro. Na liturgia de hoje temos novamente a
temática da missão de Pedro na Igreja. Para a compreensão do evangelho lemos o
oráculo de Isaias contra Sobna, um administrador aproveitador, e o elogio de Eliacim,
homem honesto e capaz. O profeta diz que este será como uma estaca fincada em
um lugar firme. É o mesmo sentido da rocha sobre a qual se constrói a Igreja. O
texto de Mateus sobre a profissão de fé de Pedro nos coloca diante do humano e
do divino. O centro é sempre Jesus, Filho de Deus. A profissão de fé tem um
aspecto humano, isto é, feita por Pedro e também um aspecto Divino, pois só
acontece por revelação do Pai. Por isso, nem a força do mal poderá destruir a
Igreja que se edifica sobre a profissão de fé. Como na Encarnação, Deus não
dispensa o lado humano da vida cristã, mesmo marcado pela fragilidade. Pedro,
após a Ascensão de Jesus ao Céu recebeu uma função de estar no lugar de Jesus
para a visibilidade do poder de servir à salvação. Jesus tem as chaves, isto é,
o poder. Ele o delega ao discípulo. Ligar e desligar indica o poder. Deus quer
contar conosco. Este ministério supõe também o dom do Espírito para o exercício
em dependência de Jesus. O Senhor mudara o nome de Simão para Pedro, para
indicar propriedade como se fazia a um escravo: “Tu és Simão, Filho de João;
chamar-te-ás Pedro, que quer dizer pedra”(Jo 1,42). O poder de
proclamar a fé e abrir os tesouros de Deus compete a todo o povo de Deus que
participa da construção: “Como pedras vivas, constituí-vos em um edifício
espiritual” (1Pd 2,5). Há, desde modo união entre
Pedro e o povo de Deus.
Pedra
de alicerce
Como Pedro é
declarado pedra sobre a qual vai se edificar a Igreja. A pedra é a profissão de
fé, feita concretamente por uma pessoa a quem é confiado um ministério: “Tu és
Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca
poderá vencê-la” (Mt 16,18). Do mesmo modo, uma pessoa de fé
inabalável, dentro dos limites humanos, constitui um alicerce, que sustenta a
casa de Deus, a Igreja viva. Onde a fé é debilitada pela falta de uma
verdadeira conversão, a comunidade não se estabelece nem se torna uma
realização da Igreja de Deus. Podemos suspirar por homens e mulheres que sejam
alicerce seguro e estacas firmes na Igreja e na sociedade. A carência de homens e mulheres honestos e de
consistência é um mal que muito prejudica. As pessoas são grandes porque se
põem a serviço. A beleza do serviço de Pedro na continuação da história não está
no poder que adquiriram, e sim na diversidade das pessoas. Quando se diz que é
o Espírito que escolhe o Papa, temos que lidar com a diferença, querida pelo
Espírito. O Papa não é bom só porque não concorda conosco. A nós compete ouvir
o Espírito.
Conhecendo
Deus.
Paulo nos mostra
sua fé na Trindade: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de
Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos!” (Rm
11,33).
Em nossa fragilidade lidamos com os mistérios de Deus. É difícil compreender
nossa ligação com Deus. Se nos satisfizermos com algumas devoções, ficaremos
empobrecidos. Se quisermos um diálogo mais profundo com Deus, somos frágeis e sentimos dificuldades. Deus quer
estar em comunhão conosco. E o faz com intensidade. A nós cabe acolher essa
bondade que nos impulsiona a querer mais. É como quando mergulhamos. Só temos
água e não vemos as beiradas. Somos envolvidos.
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