Na
tradição mais antiga da liturgia da Vigília Pascal, no Sábado Santo, era costume
acender o fogo com a pederneira, isto é, tirar o fogo da pedra por um pedacinho
de ferro. Muitos usavam esse método primitivo. Na liturgia, a cerimônia do fogo
novo tirado da pedra simbolizava a luz de Cristo, saído da pedra do sepulcro.
Complicado, mas simbólico. Com aquele fogo se acendia a fogueira e, desta, o
círio pascal. Cristo é a Luz que sai da pedra do sepulcro para iluminar o
mundo. Rezamos na bênção do fogo novo “...Concedei, que a festa da Páscoa
acenda em nós tal desejo do céu, e possamos
chegar purificados à festa da luz eterna”. A luz de Cristo ressuscitado
purifica para a vida eterna. Na celebração acendemos nossas velas na luz do
Círio para lembrar a participação na mesma Luz e Vida. A redenção é uma
iluminação interior para que possamos ver as coisas de Deus. A noite do mal,
onde estávamos mergulhados antes da redenção, é iluminada por Cristo que é a
Luz que vem de Deus, como disse Jesus: “Eu, a Luz, vim ao mundo para que aquele
que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12,46); E também: “Eu sou a luz do mundo.
Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12); A
simbologia da luz está ligada à visão. A cura dos cegos indicava o ato de fé:
crer é ver a Luz. O cego que foi curado no caminho de Jericó, começou a ver e
seguiu Jesus: “Disse-lhe Jesus: ‘Vai, a
tua fé te salvou’. E imediatamente recuperou a vista, e O foi seguindo pelo
caminho” (Mc 10,52).
Ver com a luz de Jesus é vencer o mal: “Quem age segundo a verdade aproxima-se
da luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (Jo 12,21).
787.Corações
de pedra
Há
uma luta entre as trevas e a luz. Jesus disse: “O julgamento é este: A luz veio
ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras
eram más” (Jo 3,19). Ele
recebeu a recusa dos corações endurecidos na maldade. Jesus falava em parábolas
e citou Isaias para mostrar o mistério da recusa: “Porque veem sem ver, e ouvem
sem ouvir nem entender. É neles que se cumpre a profecia de Isaías que diz:
“Haveis de ouvir e jamais entendereis, haveis de enxergar, e jamais vereis.
Porque o coração deste povo se tornou insensível. E eles ouviram de má vontade
e fecharam os olhos para não acontecer que vejam com os olhos e ouçam com os
ouvidos e entendam com o coração e se convertam e assim eu os cure”’ (Mt 13,15 – Is 6,9-10).
É o mistério do endurecimento do coração como diz Paulo: “Nosso evangelho está
velado para os que se perdem, os incrédulos, para os quais, o deus deste mundo
obscureceu a inteligência, para que não vejam brilhar a luz do Evangelho da Glória
de Cristo, que - é a imagem de Deus” (2Cor 4,4).Por isso Jesus diz: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus (Jo 3,3).
788.Jorrando da pedra
Nós retomamos em nossa vida a vida
de Jesus. Como Ele iluminou, somos aptos a iluminar e fornecer a luz que jorra
de dentro de nós, como aconteceu a João Batista que deu testemunho da luz: “João
não era a luz, mas veio para testemunhar a Luz, a Luz verdadeira que vindo ao
mundo, ilumina todos homens” (Jo 1,9). Mudamos, “pois outrora éreis trevas, mas agora sois
luz no Senhor; andai como filhos da luz pois o fruto da luz está em toda a
bondade, e justiça e verdade” (Ef 5,8-9). “Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele
não há ocasião de queda” (1Jo
2,10). Jorrar é viver o Evangelho. Nesse tempo pascal aprofundamos nosso
relacionamento com Jesus e o anunciamos porque somos luz na Luz.
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