Jesus termina o discurso das
parábolas. Depois de nos fazer conhecer o Reino, seu dinamismo e suas
exigências, indica aos discípulos as condições para assumí-lo: Como o Reino é
valor para nós, só seremos coerentes se investirmos tudo nele. Para isso,
conta-nos mais três parábolas: o tesouro escondido e a pedra preciosa e conclui
com a parábola da rede lançada ao mar, quer dizer, o resultado da escolha. O
tesouro escondido é a Sabedoria divina, único tesouro que há em Deus. É
inacessível. É o mistério de Deus. “É Cristo, sabedoria de Deus”, como escreve
Paulo: “Para que cheguem à riqueza da plenitude do entendimento e à compreensão
do mistério de Deus, Cristo, em quem se acham escondidos todos os tesouros da
sabedoria e do entendimento” (Cl 2,2-3).
Quem acha esse tesouro, considera tudo uma perda. Paulo escreve: “Tudo eu
considero como perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor. Por Ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco para ganhar a Cristo”(Fl 3, 8). Se não chegarmos a esse “tudo”,
jamais teremos o tesouro do Reino. Podemos ver quanto a fé, as realidade
espirituais e os interesses de Deus estão fora de nossos interesse e valores.
Servem quanto nos interessam. Isso é o que mata o Reino. A parábola da rede,
que lançada ao mar e apanha peixes de todo o tipo, ensina que devemos fazer uma
seleção. O que não é do Reino, fica descartado. Não está aí o mal de nossa
prática cristã? Só é bom o que me interessa? O chamado que recebemos é de pegar
a enxada da fé e escavar as Escrituras para aí encontrar o tesouro, Cristo. É
maravilhoso poder sentir esse entusiasmo de deixar tudo por Cristo. Basta ver como
os santos foram felizes com essa “loucura”. O tesouro não é uma aquisição de
princípios, normas ou estilo. É uma vida que está dentro de mim. Paulo diz:
“Para mim, viver é Cristo” (Fl 1,21).
Dai-me
um coração compreensivo
Viver Deus, como opção fundamental,
é um dom a ser pedido. Conhecemos a revelação que Deus fez a Salomão, quando
ainda jovem rei. Deus abre-lhe os tesouros: “Pede-me o que quiseres!”. Responde
o rei: “Dá, pois, a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu
povo e de discernir entre o bem e o mal” (1Rs
3,5-12). Deus se “surpreende” porque ele não pediu riquezas e vitórias,
mas sabedoria. Deu-lhe, então, “um coração sábio e inteligente” e com ele, tudo
mais. Seu pedido é grandioso: A sabedoria de Deus. Procurar o tesouro, a pérola
preciosa, é já sabedoria. É uma busca que deve preencher a vida. Como o tesouro
não é um punhado de riquezas, mas é a riqueza, a busca vai ser eterna:
Encontrar Deus é buscá-lo sempre mais. O salmo canta: “É esta a parte que
escolhi por minha herança: observar vossa palavra” (Sl
118,57).
Ser
conforme à imagem do Filho
A
busca do tesouro não é uma conquista de bens espirituais. Ela resulta na
formação da imagem do Filho de Deus em nós, como escreve Paulo: “Pois àqueles
que Deus contemplou com seu amor, desde sempre, a esses ele predestinou a serem
conformes à imagem de seu Filho” (Rm
8,29). Essa dimensão fundamental é o resultado da
busca que fazemos de Deus, de viver a fé, e praticar a religião, chegar à
salvação. A meta é nos tornarmos à imagem do Filho. Quanto mais unidos a Ele,
mais daremos testemunho de sua Palavra e o Reino será anunciado e a salvação
chegará aos confins da terra. Podemos repetir sempre: “Tu me deste um
tesouro... ninguém mais o roubará! Precisamos reavivar a formação de nossa vida
cristã para essa preocupação: ser imagem de Cristo.
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