PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
430. Todos são chamados
Jesus, em seu evangelho, não fez distinção de pessoas. Se excluiu
certas pessoas, foi quem não queriam acolhê-lo devido ao orgulho. Todos são
chamados a fazer parte do povo de Deus e ser membro de seu corpo. Privilegiou
os pobres, humildes e pecadores porque eram abertos. Quem era humilde, mesmo
sendo de posição social superior, foi acolhido, como é o caso de Nicodemos. O
chamamento é para todos. Vemos ao lado de Jesus, como discípulos seus, mulheres
que na sociedade eram de categoria inferior, crianças que não eram contadas,
jovens, pobres iletrados e desprezados pelos donos da sociedade e da religião
(essa gente suja que não conhece a lei, é maldita, diziam). O povo estava feliz
porque Ele falava como quem tem autoridade, não como os escribas (Mt 7,29). Sua
palavra era dirigida a todos, era popular e falava de coisas que o povo queria
ouvir; falava das coisas deles. Jesus tratava a todos com igualdade, por isso
se sentiam chamados, pois não havia barreiras. Não havia barreira nem no
pensamento, pois todos o entendiam. Não havia barreira para o contato pessoal;
todos procuravam tocá-lo, pois dele saia uma força que curava a todos (Lc 6,19).
Era um chamamento muito claro a buscá-lo. Vemos o caso da pecadora que O toca
lavando-lhe os pés com as lágrimas e enxugando com os cabelos, beijando e
ungido com perfumes (Lc 7,38). Era um chamamento. As mães traziam crianças. Mas
os discípulos as enxotavam. Jesus dizia-lhes: deixai vir a mim os pequeninos...
então, abraçando-as abençoou-as, impondo as mãos sobre elas (Mc 10,13-16). Esse
gesto de Jesus deve ter conquistado todas as mães. O chamamento não consiste só
em palavras, mas também atitudes. Todos são chamados a fazer parte da
comunidade. A espiritualidade será acolher o chamado e decidir-se a fazer parte
dessa comunidade.
431. Crescendo juntos
O individualismo que domina o coração das pessoas invadiu o campo da
espiritualidade. Chegou-se a estabelecer um modo de vida na comunidade
completamente desligado das pessoas. Um dos livros de espiritualidade que mais
sucesso fez, a Imitação de Cristo chegou a dizer: “Quanto mais fui para o meio
dos homens, menos homem eu voltei”. A pessoa humana tornou-se empecilho para o encontro
com Deus. Os santos não fizeram assim. Foram profundamente humanos. Por isso, a
vida de comunidade é um convite constante para crescermos juntos. Crescer
juntos é viver juntos. Viver juntos significa colocar a vida em comum, de modo
particular a vida espiritual. Um ajudando o outro a buscar os caminhos de Deus.
A comunidade proporcionará meios para que os discípulos se ajudem- no
crescimento humano e espiritual. Isso edifica a espiritualidade.
432. Santidade em comum.
O modo como vivemos a fé não corresponde
ao modo como Jesus vivia e ensinava. Os discípulos viam Jesus falar com o Pai e
pediam que lhes ensinasse. Estavam juntos na pesca e juntos na busca do Senhor.
Na solidão espiritual que vivemos, não compartilhamos nossos sofrimentos
espirituais, não partilhamos as riquezas de dons e experiências espirituais que
vivemos, não nos corrigimos mutuamente quando erramos os caminhos. Somos
realmente críticos com respeitos aos outros, não diretamente com as pessoas.
Isso nos faz menores e destruímos os outros. Quando vamos nos estimular, como
diz o profeta: “Conhece o Senhor!”? Se amarmos de fato a Deus, seguramente
faremos esse caminho juntos. É uma prova de que nosso amor a Deus é pequeno e
nos faz adultos. Quando Deus fizer parte de nossos assuntos de cada dia, será
diferente.
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