PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Não
parar de rezar
Jesus
ensina aos discípulos que “se deve rezar sempre e nunca desistir de rezar”. Ele
toma esse ensinamento de sua própria vida. A oração lhe brotava dos lábios como
uma fonte. Para explicar esse ensinamento, Jesus conta a parábola da viúva que
ia continuamente ao juiz pedindo justiça. Consegue mais pela insistência do que
pelo argumento. Com essa parábola Jesus assegura que Deus vai ouvir sempre,
muito mais do que um juiz que se sente importunado, pois Ele está falando com
seus filhos. Moisés é dado pela liturgia como o exemplo de uma oração constante
para conseguir a atenção de Deus. A oração é o meio de se continuar em aliança
de diálogo com Deus. Ele quer ouvir os filhos e atendê-los em suas
necessidades. Rezar é insistir na oração. Rezar não é fazer belos discursos a
Deus. Beato Charles de Foucauld dizia que rezar não é dizer muitas coisas a
Deus, mas dizer muitas vezes a mesma coisa. A viúva é o exemplo. Não mede tempo
para ser atendida. Nós colocamos prazos a Deus e prometemos pagar. Mas com Deus
não é assim. Ser atendido é poder rezar sempre. A Deus compete a hora de
atender, o que vai acontecer logo, porque quer fazer justiça a seus queridos que
sofrem. Perder o hábito da oração é um desastre difícil de ser reparado. A
falta da oração tem enfraquecido o coração humano, deixando-o à deriva nas
muitas dificuldades da vida. Nas grandes crises é preciso um intercessor, mesmo
tendo que ser criativo no modo de pedir. Não podemos reduzir a oração a um modo
somente tradicional. Temos que ser criativos. Moisés e Aarão o foram. O gesto
de segurar as mãos significa que devemos acompanhar com nosso apoio espiritual
as necessidades da oração dos outros. É a caridade na oração. A oração exige
que entremos nela de corpo e alma. Por isso é preciso deixar que o corpo
acompanhe nossa oração. O importante é implorar como sabemos e podemos.
Frutos
garantidos
Se a viúva consegue o que precisa de um juiz que não teme nem a Deus
nem as pressões humanas, quanto mais Deus ouvirá seus filhos que clamam a Ele
dia e noite, Ele fará justiça. A oração incessante é um dom de Deus que garante
obter sempre seu efeito. O efeito depende de Deus e não de nosso discurso. Mas
Deus sabe do que precisamos, mesmo antes de lho pedirmos. Jesus diz uma palavra
complicada: O “Filho do homem, quando vier, será inda que vai encontrar fé
sobre a terra?” (Lc 18,8). Se não houver oração, não vai haver fé e nem frutos.
Moisés reza longamente e obtém a vitória do exército de seu inimigo. A oração
necessita, além da perseverança, encontrar um modo pessoal de fazê-la. Não
existe obrigação do modo, mas da intensidade. O fruto da oração depende também
da comunidade que reza junto, apóia a oração um do outro. A grande verdade da
oração é que não sabemos rezar como convém. O melhor método de oração é rezar.
As
Escrituras conduzem à salvação
A leitura da Escritura tem o poder
de comunicar a sabedoria que conduz à salvação com a fé em Jesus Cristo (2Tm
3,15). Timóteo é instado a pregar: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente,
argumenta, repreende, aconselha, com toda paciência e doutrina” (4,2). A chave
de leitura é Jesus Cristo. A oração abre para nós a capacidade de entender a
Escritura. A Escritura abre à oração e a oração conduz à Escritura. Ela deve
ser nosso primeiro livro de oração. Assim poderemos estar também preparados
para levar aos outros a força da oração. Quem reza se salva, quem não reza se
condena (S. Afonso).
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