PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
451.
Jesus anunciava e curava
Jesus permanece sempre o modelo a
ser imitado, o caminho a ser seguido, a verdade a ser aprendida e a vida a ser
vivida. Normalmente citamos palavras de Jesus. Mas Ele anunciava por palavras e
ações. Por exemplo: um milagre não era só a solução de um problema, mas o
anúncio de uma verdade. Um atitude de Jesus de estar orando a sós é um
ensinamento e um modelo a ser imitado. Para o caminho espiritual é muito
importante ver a conjugação das palavras, dos gestos, das atitudes para que
seja completo. O grande defeito, a meu ver, do ensinamento espiritual é seguir
a tendência intelectualista da compreensão da verdade. Os santos pensavam com
as mãos. Jesus nos dá esse modelo: anunciava e curava. Estava voltado para a
pessoa humana em sua totalidade. Quando cura o paralítico que foi descido pelo
teto, Ele perdoa e depois cura. A cura significa o que acontece com o perdão
(Lc 5,24). Suas palavras eram seguidas de milagres que as confirmavam ou
explicitavam. Dava a entender que a vida cristã é um conjunto de realidades que
partem da pessoa e não somente de idéias sobre o ser humano. Tiago é muito
explicito nessa compreensão da fé. O texto de Paulo “o justo viverá da fé” (Rm
1,17), levou a uma compreensão de que basta a fé para estarmos salvos. O
próprio Paulo, em Gálatas 5,6 ensina “a fé agindo pela caridade”. João, em sua
primeira carta, afirma: este é o seu mandamento: crer no nome de Seu Filho
Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros (1Jo 3,23-24). Tiago alerta contra a
idéia de uma fé “pura”: “Se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que
lhe aproveitará isso? [...] Assim a fé, se não tiver obras, será morta em seu
isolamento” (Tg 2,14.17). O que Paulo
condena é a prática exterior da lei. A carta de Tiago não aparece em muitas
bíblias da reforma protestante. Um dos motivos é a afirmação de Tiago que nega
a teoria do fundador de que só a fé. Diz:
452.
Redenção integral
A vida apostólica, que alimenta a
espiritualidade, deverá pensar numa redenção da pessoa como um todo e em suas
circunstâncias. Às vezes podemos dar o testemunho de vida silencioso nos
ambientes hostis. Do testemunho de vida se passe ao testemunho da palavra. O
testemunho de vida será acompanhado da obra da caridade, que chamamos também
ação social, procurando dar às pessoas as condições de vida de que necessitam,
inclusive o envolvimento na política, mesmo partidária. Certamente um programa
de partido para o cristão deverá responder ao Evangelho. Os cristãos devem
estar em todos os setores da vida social, política e econômica. Por que deixar
nas mãos de inescrupulosos o destino de um povo? Triste é ver como cristãos e,
particularmente católicos, nessas situações agem como se não tivessem fé e
inclusive envolvendo os santos e a Virgem Maria para tampar suas falcatruas. A
espiritualidade só será coerente se sujar as mãos com as necessidades das
pessoas concretas. Vejamos como fizeram os santos?!
453.
Doar-se totalmente
O grande gesto que se torna palavra
evangelizadora da redenção é a doação total de si. Doar coisas é magnífico.
Doar-se é divino. Paulo afirma de si mesmo: “Para os fracos fiz-me fraco a fim
de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar
alguns a todo custo” (1Cor 9,22). Jesus “esvaziou-se a si mesmo e assumiu a
condição de servo, tomando a semelhança humana” (Fl 2,7). Sua encarnação, vida
e morte, foram doação total. Por isso Deus o exaltou (9). Esse é o caminho de
quem crê em Jesus. Deus
não quer coisas. Quer a nós.
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