sexta-feira, 30 de outubro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Anunciar por palavras e obras”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
451. Jesus anunciava e curava
            Jesus permanece sempre o modelo a ser imitado, o caminho a ser seguido, a verdade a ser aprendida e a vida a ser vivida. Normalmente citamos palavras de Jesus. Mas Ele anunciava por palavras e ações. Por exemplo: um milagre não era só a solução de um problema, mas o anúncio de uma verdade. Um atitude de Jesus de estar orando a sós é um ensinamento e um modelo a ser imitado. Para o caminho espiritual é muito importante ver a conjugação das palavras, dos gestos, das atitudes para que seja completo. O grande defeito, a meu ver, do ensinamento espiritual é seguir a tendência intelectualista da compreensão da verdade. Os santos pensavam com as mãos. Jesus nos dá esse modelo: anunciava e curava. Estava voltado para a pessoa humana em sua totalidade. Quando cura o paralítico que foi descido pelo teto, Ele perdoa e depois cura. A cura significa o que acontece com o perdão (Lc 5,24). Suas palavras eram seguidas de milagres que as confirmavam ou explicitavam. Dava a entender que a vida cristã é um conjunto de realidades que partem da pessoa e não somente de idéias sobre o ser humano. Tiago é muito explicito nessa compreensão da fé. O texto de Paulo “o justo viverá da fé” (Rm 1,17), levou a uma compreensão de que basta a fé para estarmos salvos. O próprio Paulo, em Gálatas 5,6 ensina “a fé agindo pela caridade”. João, em sua primeira carta, afirma: este é o seu mandamento: crer no nome de Seu Filho Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros (1Jo 3,23-24). Tiago alerta contra a idéia de uma fé “pura”: “Se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? [...] Assim a fé, se não tiver obras, será morta em seu isolamento” (Tg 2,14.17).  O que Paulo condena é a prática exterior da lei. A carta de Tiago não aparece em muitas bíblias da reforma protestante. Um dos motivos é a afirmação de Tiago que nega a teoria do fundador de que só a fé. Diz:
452. Redenção integral
            A vida apostólica, que alimenta a espiritualidade, deverá pensar numa redenção da pessoa como um todo e em suas circunstâncias. Às vezes podemos dar o testemunho de vida silencioso nos ambientes hostis. Do testemunho de vida se passe ao testemunho da palavra. O testemunho de vida será acompanhado da obra da caridade, que chamamos também ação social, procurando dar às pessoas as condições de vida de que necessitam, inclusive o envolvimento na política, mesmo partidária. Certamente um programa de partido para o cristão deverá responder ao Evangelho. Os cristãos devem estar em todos os setores da vida social, política e econômica. Por que deixar nas mãos de inescrupulosos o destino de um povo? Triste é ver como cristãos e, particularmente católicos, nessas situações agem como se não tivessem fé e inclusive envolvendo os santos e a Virgem Maria para tampar suas falcatruas. A espiritualidade só será coerente se sujar as mãos com as necessidades das pessoas concretas. Vejamos como fizeram os santos?!
453. Doar-se totalmente

            O grande gesto que se torna palavra evangelizadora da redenção é a doação total de si. Doar coisas é magnífico. Doar-se é divino. Paulo afirma de si mesmo: “Para os fracos fiz-me fraco a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns a todo custo” (1Cor 9,22). Jesus “esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana” (Fl 2,7). Sua encarnação, vida e morte, foram doação total. Por isso Deus o exaltou (9). Esse é o caminho de quem crê em Jesus. Deus não quer coisas. Quer a nós.

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