Evangelho segundo S. Lucas 13,1-9.
Naquele
tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos
galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus
respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus
eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do
mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e
matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de
Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de
modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma
figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas
não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos
nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a
ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano,
que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandarás cortá-la».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois
cisterciense
Orações meditativas, nº 5
«E se não vos arrependerdes, morrereis»
Pobre de mim, a consciência acusa-me sem cessar, e a verdade não pode
desculpar-me dizendo: ele não sabia o que fazia. Perdoa, pois, Senhor, pelo
preço do teu precioso sangue, todos os pecados em que caí, consciente ou
inconscientemente. [...] Sim, Senhor, pequei verdadeiramente, pequei por minha
vontade, e pequei muito. Depois de ter tido conhecimento da verdade, ofendi o
Espírito de graça; e contudo, aquando do meu baptismo, o Espírito tinha-me
concedido de forma gratuita a remissão dos pecados. Mas eu, depois de ter
tido conhecimento da verdade, voltei aos meus pecados, «como o cão volta ao
seu vómito» (2Ped 2,22).
Ó Filho de Deus, pisei-Te aos pés, negando-Te? Mas não posso dizer
que, ao negar-Te, Pedro Te tenha pisado aos pés, ele que Te amava tão
ardentemente, embora Te tenha negado uma primeira vez, uma segunda e uma
terceira vez. [...] Também a mim Satanás me reclamou por vezes a fé, para
me joeirar como o trigo; mas a tua oração desceu sobre mim, de maneira que a
minha fé nunca desfaleceu (Lc 22,31-32), nunca Te abandonou. [...] Bem sabes
que sempre quis aderir à fé em Ti; protege-me, pois, nesta vontade, até ao
fim.
Sempre acreditei em Ti [...], sempre Te amei, mesmo quando pequei contra
Ti. Lamento profundamente os meus pecados. Do amor, porém, lamento apenas
não ter amado tanto como devia.
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