PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1636. A Santa perdeu a cabeça
Celebrar a festa
de N. Senhora Aparecida é celebrar o coração amoroso de Deus que se manifesta
em Maria. A história do encontro da imagem em 1717 é uma lição e um milagre. Pela
narrativa do tempo sabemos que, depois de uma pesca sem resultado, encontraram
o corpo de uma imagem e logo depois encontraram a cabeça. Como que foi pescada a cabeça tão perto do
corpo da imagem sendo que poderia ter sido levada pela corrente? Podemos ver
aqui uma lição de amor. Maria perde a cabeça quando vê seus filhos reunidos em
torno de si. Logo após o encontro destas duas partes, corpo e cabeça de uma
imagem de Maria, houve uma pesca abundante para servir o almoço do excelente
Dom Pedro de Almeida Portugal, chamado depois de Conde de Assumar. Ele se
dirigia a Minas para a derrama do ouro, isto é, cobrar o ouro que se devia ao
rei de Portugal. Além do milagre da pesca temos o milagre da devoção. Já é um
grande milagre que aquele pequeno objeto de barro cozido, que é símbolo da Mãe
de Deus, possa reunir tantos milhões de pessoas por ano. Certamente ninguém vai
atrás do barro, da estátua, mas atrás do grande amor de Deus manifestado por
Maria que acolhe seus filhos, filhos de Deus. Não se sabe por que a imagem foi
jogada no rio. Certamente pelo costume de desfazer-se das imagens quebradas.
Por respeito joga-se no rio. Sabemos porque foi encontrada: para dar aos
pescadores uma pesca abundante e ao povo um lugar abundante de graças. Ela
perdeu a cabeça ao ser quebrada por um acidente. Agora parece perder a cabeça
quando vê seus filhos em grandes multidões vêm ao seu encontro. Ela é a Mãe que olha distante vendo seus
filhos vindo de longe.
1637. Mulher
gloriosa
Ela é a mulher gloriosa que é perseguida,
mas defendida por Deus, pois o dragão, isto é, todos os que são do mal, procura
destruir essa Mulher (Ap 12,12ª). Esta é a
imagem da Igreja perseguida que vê seus filhos serem vítimas do mal que entrou
no coração das pessoas. A Igreja perseguida é sinal da vitória de Cristo sobre
o mal. Além destes há os que a desconhecem e desprezam continuando ferir seu
coração com a espada (Lc 2,13ª). A serpente do mal vomitou um rio atrás dela,
mas a terra veio em seu socorro. Significa
aqui que a Igreja não fica fora do mundo, mesmo se perseguida, pois ela
continua sua missão de acolher a todos para redenção. Maria é mulher do povo e
continua a sê-lo, pois a ela o povo recorre. A Igreja, mesmo no meio das
perseguições e contradições, continua sua missão. Ela está vestida de sol porque é Cristo que
lhe dá brilho e vitalidade. Como seu Senhor, a Igreja, quanto mais sepultada,
mais força de ressurreição manifesta.
1638. Diante de
Deus, por nós
Cristo é o
mediador e o intercessor junto do Pai. Une todo seu Corpo que é a Igreja nessa
missão. Ele não age sem a Igreja. Por isso temos os sacramentos. Na Igreja, a
missão de Maria é rezar por nós, como o fazem todos os cristãos que vivem na
terra e os que estão na Glória. Tudo o que é realizado, o é pelo Corpo de
Cristo e para o bem de todo Corpo. Por isso ela pode ser chamada de mediadora e
intercessora. Sua missão é ser intercessora: sempre está diante de Jesus, o Rei
esplendoroso, suplicando: “Salva meu povo” como a rainha Ester. Ela continua na
terra através de sua intercessão. Ela perde a cabeça quando vê os filhos
chegando a sua casa. Ela os acolhe com o sorriso de mãe feliz. (Vejam bem o
sorriso que tem a imagem de N. S. Aparecida – a que foi encontrada no rio Paraíba).
Nada sem Cristo e tudo para Cristo. Viva a Mãe de Deus e nossa.
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