PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Missão de todos
Encerrando o mês
missionário ouvimos as palavras de Jesus a todos os que estão à beira do
caminho, clamando por vida digna. O cego, excluído pelo sofrimento da doença,
encontra em Jesus o caminho da cura. Grita: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade
de mim!”. Professa a fé em Jesus que lhe diz “Que queres que te faça?”. O
milagre é uma abertura para a visão completa, pois recupera a vista e segue
Jesus que é o Caminho. A luz da fé lhe devolve a luz. Vê Jesus com os olhos e
pela fé e O segue. Sendo mês missionário refletimos sobre a missão de todos.
Aqui temos duas atitudes: A primeira é desconhecer o clamor dos necessitados,
repetindo a atitude dos que seguiam Jesus: “Mandavam que se calasse”, pois
estava incomodando. A segunda é positiva: animar os que recebem o chamado:
“Coragem, levanta-te, Jesus te chama. O milagre é uma lição para nós. A fé
cura, mas não é pronto socorro. Abrir os olhos é conhecer Jesus e segui-Lo no
caminho. A fé é um dom que deve ser desejado. Como nos mostra o profeta, é como
a volta do exílio. É uma grande transformação como rezamos no salmo:
“Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria”. Jesus associou a si
discípulos para continuarem essa missão de acolher, anunciar e reunir os
seguidores no caminho para seguir Jesus. Volta do
exílio é como uma renovação total. As profecias não são atos isolados nem se
referem somente ao fato a que se dirigem, mas podemos ler nelas também nossa
vida. Somos como que cegos à beira do caminho. Jesus está sempre passando e
podemos sempre repetir a oração do cego: “Mestre, que eu veja!”(Mc 10,510). Temos também a missão de estimular as pessoas a irem a Jesus que
chama: “Coragem! Levanta-te, Jesus te chama” (49).
Relendo nossa
história:
Os fatos
maravilhosos de Deus em nossa vida não acabam como uma página passada. Quantas
maravilhas fez conosco o Senhor! “Exultemos de alegria!”. O povo de Israel
fazia memória de sua história lembrando os sofrimentos passados e as
libertações realizadas por Deus. Nós o fazemos em cada Eucaristia quando
dizemos: “Celebrando a memória de sua Morte e Ressurreição...” A memória renova
os dons da salvação que recebemos. Muitas vezes temos uma memória sofrida e
guardamos mágoas de fatos dolorosos. É preciso curar a memória lembrando também
as maravilhas que Deus operou em nossa vida. É a memória agradecida. Fazemos
memória dos que nos educaram na fé e dos que nos deram a mão. A Palavra de Deus
é também para nós uma constante oportunidade de fazer de nossa vida uma
história de Salvação. Recebemos também a missão de recordar à comunidade e às
pessoas, as maravilhas de Deus.
Jesus, o intercessor
Cristo ouviu a
súplica do cego e continua a ouvir todo aquele que clama: “Jesus, Filho de
Davi, tem piedade de mim”. Lemos na carta aos Hebreus que “todo o
sumo-sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas
coisas que se referem a Deus” (Hb 5,1). Ele ouve
porque sabe ter compaixão. Ele conheceu o sofrimento e a fragilidade. A missão
do sacerdote não é realizar ritos, mas ter compaixão. É fazer-se ouvido dos que clamam. É estimular
os que se dispõem a procurar Jesus e não silenciar a voz do povo que sofre. Nos
sofrimentos aprendemos a dizer como o cego Bartimeu: “Jesus, Filho de Davi, tem
piedade de mim”. Esta oração deve estar sempre em nossos lábios. A oração do
nome de Jesus é unir-se a sua pessoa para segui-lo no caminho.
Leituras: Jeremias 31,7-9;
Salmo 125; Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52.
Ficha
nº 1486 - Homilia do 30º Domingo Comum (25.10.15)
1.
A cura do cego Bartimeu tem um desenvolvimento
que estimula a missão do cristão. Há duas atitudes: desconhecimento da
situação, como o mandavam calar-se e a atitude de estimular a ir ao encontro de
Cristo: Coragem, Ele te chama. Depois de abertos os olhos podemos seguir Jesus
no caminho. É a grande transformação anunciada. Jesus associa a si os
discípulos.
2.
As maravilhas de Deus não acabam. Exigem
memória constante, como fazemos na Eucaristia. A Palavra de Deus é uma
constante oportunidade de fazer de nossa vida uma história de Salvação.
3.
Cristo continua a ouvir nossas súplicas porque
Cristo está a nosso favor. Ele conheceu os sofrimentos e a fragilidade. A
missão da Igreja não são os ritos, mas a compaixão e fazer-se ouvido pelos que
clamam. Sempre podemos dizer: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim.
Enxergar para
ver
Jesus curou um
cego. Primeiramente ele ouviu o movimento de pessoas. Ao saber que era Jesus
Nazareno que passava não se importou com os que mandavam que ficasse calado.
Ele gritava: “Filho de Davi, tem piedade de mim”. Esta frase era uma grande
profissão de fé em Jesus. Quando Jesus o chama todos o animam dizendo: “Coragem,
levanta-te, Jesus te chama”. Deu um salto, jogou o manto e foi até Jesus.
Jesus lhe fez a
pergunta: “Que queres que eu te faça?” Responde: “Mestre, que eu veja”. Jesus aceitou sua fé manifestada com tanta
efusão: “Vai, a tua fé te salvou”. No mesmo instante ele recuperou a vista e
seguiu Jesus pelo caminho.
Fez um caminho
longo de cegueira e de busca na escuridão em que vivia. Ouvira falar do
Nazareno até que pode encontrar-se com Ele. Deu o salto da fé, começou a
enxergar e viu Jesus e o seguiu pelo caminho.
É esse o caminho
da fé: mesmo na escuridão podemos enxergar Jesus e vê-Lo para segui-Lo no
caminho para Jerusalém, isto é, para viver com Ele a Paixão e Ressurreição. Fé
é um caminho e não somente uma opção espiritual.
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