PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
orgulho não compensa
Continuando a catequese sobre a
oração, Jesus aborda um tema muito simpático: a humildade, garantia da oração. O
ponto de partida que Jesus toma é a oração dos que confiam na própria santidade
e desprezam os outros. Ensina que a auto-suficiência é uma refinada forma de
orgulho. A oração do fariseu no templo começa a ser insuficiente para a
justificação no momento em que diz: “Eu não sou como esses outros homens,
ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos” (Lc 18,11).
Suas virtudes e vida correta são excelentes. Ele pratica os mandamentos e vai
além das exigências da lei. É um homem bom. Mas... Colocou tudo sob a exaltação
de si mesmo, no orgulho de ser bom, acima dos outros. E Jesus completa: “Quem
se eleva será humilhado” (14). Jesus não se dá com o orgulho. É o pecado
fundamental do ser humano. O fariseu poderia ter falado tudo o que disse, sem
se julgar melhor do que o pecador, que em seu íntimo reconhecia a grandeza do
Deus que perdoa. A atitude orgulhosa do fariseu provém da falsa religião que
louva a Deus, mas comete a exploração dos pobres. Eles “devoram as casas das
viúvas e simulam que estão fazendo longas orações” (Mc 12,40). Jesus ensina não
pôr a confiança em si mesmo e nas boas obras que realiza. É curioso,
atualmente, como as pessoas sempre dizem o que fazem de bom para Deus, para
justificar que tem que as ouvir em tudo e como querem. Eu rezei, Deus tem que
me pagar. Até ao contar os pecados se justificam.
A
prece do humilde atravessa as nuvens
O pobre clama e Deus o escuta, reza o salmo. Por que Deus está tão
atendo ao humilde? Porque coloca sua confiança em Deus. A humildade é ser
inteligente diante de Deus, reconhecendo nele a fonte da misericórdia e da
vida. A primeira leitura afirma que “Deus jamais despreza a súplica do órfão
nem da viúva quando desabafam suas mágoas” (Eclo 35,17). A leitura insiste que
“a oração do coração do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar, não
terá repouso” (21). É importante notar que Jesus não fala da humildade como um
bom conselho. Quando convida a segui-lo, está a indicar também que devemos
aceitar a humildade como caminho da vida: Isso nós podemos ler na carta aos
Filipenses: “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição de escravo, tomando
a semelhança humana. E achando-se em figura de homem, humilhou-se e foi
obediente até à morte e morte de Cruz! Por isso Deus o exaltou grandemente” (Fl
2,7-9). Ele se coloca como servo quando, na ceia, lava os pés dos apóstolos e
manda fazer o mesmo (Jo 13,15). Disse que não veio para ser servido, mas para
servir e dar a vida (Mc 10,45). Deus exige a disposição de pedir com humildade
o perdão, como fez o publicano: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador”
(Lc 18,13). Não condenemos como o fariseu. Apliquemos a nós a parábola e
sejamos humildes.
Humildade
na verdade
Paulo, na 2Timóteo, expressa seus últimos sentimentos,
pois está prisioneiro e pronto para ser sacrificado. Reconhece que cumpriu com
força: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7).
Paulo não conta vantagens. Reconhece que tudo foi bem porque o Senhor estava ao
seu lado e lhe deu forças (17). É humildade reconhecer o que Deus faz em nós. Por isso, a Ele
glória pelos séculos! (18). Ele lhe dará a coroa da justiça. Não só a Ele, mas
a todos os que esperam sua manifestação (8). No seguimento de Jesus, a
humildade será a força da Igreja. Tudo é bom, mas na humildade.
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