PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Explicando
o caminho
Os discípulos não compreendiam o que
Jesus estava ensinando e tinham medo de perguntar. Qual era o ensinamento? “O
Filho do Homem (Jesus) vai ser entregue nas mãos dos homens e eles O matarão.
Mas três dias após a morte Ele ressuscitará” (Mc 9,31-33). Para os discípulos
era incompreensível. O mistério dessas palavras está bem expresso na atitude de
Jesus de ir oculto para Jerusalém. Certamente não queria dar na vista nem ser entendido
como um acontecimento político. Os discípulos tinham medo de perguntar. Por
quê? Jesus era bravo? Talvez fosse um sentimento suscitado pela aproximação da
esfera divina, o mistério que não temos palavras para exprimir. Ou, quem sabe,
aquelas palavras os assustassem. Somente com a Ressurreição é que poderiam
entender. Mas, enquanto Jesus falava de seu caminho, explicando sua vida e
morte, os discípulos andavam por outro. Discutiam quem era o mais importante.
Para Jesus, o mais importante era o serviço que prestaria com sua morte. Ser o
primeiro era servir até o extremo. O caminho de Jesus, vindo da transfiguração,
dirige-se a Jerusalém. Mesmo na escuridão do drama da Paixão, vê-se
resplandecer a Ressurreição, pois “depois de três dias ele ressuscitará”. A morte
dolorosa será a realização de sua proposta que lemos em Marcos 8,31-37: “Quem
quiser ganhar sua vida perdê-la-á” (35). Os discípulos ainda estão na dimensão
egoísta ‘o que ganho com isso?’ Colocar a vida a serviço é a explicação do
caminho de Jesus, a condição de chegar a ressurreição. Os escuros tanto da vida
de Jesus como da vida dos discípulos e, mais ainda, da nossa, se diluem à
medida que a luz do serviço invade nossa vida.
Seguindo
Jesus
Jesus, pacientemente instrui os
discípulos que acreditam nele, mas ainda são suas crianças a quem tanto ama. Dá
um valor imenso a sua presença em sua missão, a seu amor e à fé que professaram,
pois diz: “Vocês que estiveram comigo em minhas provações” (Lc 22,28). Os
discípulos têm certeza do afeto do Mestre, pois sentem o acolhimento que Ele
oferece. Jesus apresenta o caminho muito claro para que o sigam, como disse,
fazendo o mesmo caminho para a Paixão. Podemos dizer que não basta seguir até à
Paixão, mas fazer seu caminho com a mesma paixão pelo serviço humilde, como nos
ensinou. O serviço é de amor, de acolhimento aos pequeninos. Eles não só são os
privilegiados de Deus, mas são os mais necessitados pela sua fragilidade. Assim
acolhemos a Cristo e por Ele acolhemos o Pai. Tenhamos a certeza da presença de
Cristo em nossa caminhada, e com ela a presença da desconfortante recusa que
sofreu, como está descrito em Sabedoria 12.17-20. O justo será perseguido por
ser justo, porque sua vida é uma acusação aos desmandos e pecados dos maus. Ser
cristão é sinônimo de perseguido.
Frutos
da Paixão
Jesus Cristo, Salvador da
humanidade, é a sabedoria vinda do alto, como nos explica Tiago (3,16-4,3). A
Sabedoria celebrada no Antigo Testamento é identificada com Jesus em o Novo Testamento.
Essa Sabedoria “é pura, pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia
e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento”. Jesus Cristo, acolhido em
nossos corações neles põe ordem. Nós conseguimos superar os males que provêm
das paixões que lutam dentro de nós pedindo, rezando, acolhendo Jesus em nossos
corações; sobretudo acolhendo os pequeninos. Assim acolhemos Jesus, e nEle a
seu Pai.
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