O
tempo após a Ressurreição de Cristo é como um exercício da ausência física de
Jesus e de sua presença constante. Tenho um fato muito feliz de um sobrinho
neto de cinco anos que nos explica esse tempo antes da Ascensão. Durante a
missa, o padre celebrante perguntou à assembléia por que Jesus permaneceu 40
dias no mundo. O pequeno levantou a mão para o estupor da família que estremece:
‘Meu Deus, o que vai dizer?’. E o pequeno respondeu: “Para formar nosso
coraçãozinho”! Bonito! Por isso, nos Atos dos Apóstolos lemos que “Jesus mostrou-se
vivo após a Paixão com numerosas e indiscutíveis provas: apareceu-lhes por
espaço de quarenta dias, falando-lhes do Reino de Deus” (At 1,3). O número quarenta indica
sempre um tempo completo. Podemos ter este tempo como uma indicação sobre a
vida da comunidade dos que creram Nele: É um modo novo de presença. Eles
tiveram uma presença visível de Jesus, com “indiscutíveis provas” como narram
os Atos dos Apóstolos. Esta presença é
uma passagem para o tempo do Espírito Santo. Diz aos apóstolos que “esperassem
a realização da promessa do Pai da qual, ouvistes da minha boca: João batizava
com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos
dias”... “O Espírito Santo descerá sobre vós e Dele recebereis a força. E sereis
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins
da terra” (At 1,4-5.88).
Jesus introduz os discípulos no tempo novo e lhes dá a dimensão trinitária de
sua missão. O Pai envia o Filho que anuncia o Evangelho e o Espírito o leva ao
coração dos fiéis a continuar a missão de Jesus. O Espírito é dado para viver a
força do alto, onde está nossa fonte de vida, e para anunciar. Entramos na
missão do Espírito de levar o Evangelho a todos os lugares e tempos.
1574.Viver
na Esperança
O
coração formado por Jesus vive as coisas do alto (Cl 3,1-4). Nesse período em que os
discípulos estiveram com Jesus, podemos imaginar a quantidade de ensinamentos
que lhes passou, mesmo sabendo que eram lentos para entender (At 24,25). As
promessas de Jesus se realizaram em sua morte e ressurreição. Agora, crêem com
facilidade na promessa que faz de enviar o Espírito Santo, pois já viram Jesus
realizar suas promessas. Podemos concluir ainda que as promessas são também
para nós. Vivemos a fé na esperança, como nos ensina a Carta aos Hebreus: “A fé
é um modo de já possuir o que se espera, um meio de conhecer as realidades que
não se vêem” (Hb 11,1).
Pela fé possuímos tudo o que Jesus nos prometeu. A esperança, que é uma virtude
dada por Deus, como a fé e o amor, dá-nos a consciência da posse desses bens.
Jesus, ao nos dar o Espírito dá a comunhão existente na Trindade Santa.
1575.
Crer na fraternidade
Quando
Jesus escolhe os doze discípulos, escreve Marcos que “constituiu Doze, para que
ficassem com Ele, para enviá-los a pregar” (Mc 3,14). Criaram uma comunidade com Jesus.
Essa comunidade é aquela que está reunida após a Paixão e O encontra depois da
Ressurreição e está unida em oração com Maria na espera da vinda do Espírito (At 1,14). Eles
continuaram unidos. Ser comunidade não é um sistema social da Igreja. É seu
constitutivo. Deus nos reúne para que a missão de Cristo continue como um corpo
cuja alma é o Espírito Santo. Ser cristão é ser fraterno na unidade, aberto a
todos os povos e anunciador por sua palavra e vida fraterna. vida fraterna dos cristãos é a primeira
pregação. Em Atos dos Apóstolos vemos que os convertidos se unem à comunidade
dos irmãos (At 2,14).
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