Os sacramentos são a fonte primeira da espiritualidade.
Fundam-se em Cristo e se realizam na comunidade – Igreja, sacramento de Cristo.
Por isso são o caminho necessário para a espiritualidade e o meio pelo qual
temos acesso à vida divina, a santidade. Os sacramentos possuem em si tudo o
que necessitamos para a espiritualidade: Temos a presença de Cristo através de
sua Palavra, dentro de uma comunidade. Para a celebração de um sacramento é
necessária a proclamação da Palavra de Deus, pois ela anuncia a presença da
Salvação, educa a fé e instrui nos caminhos que nos dão os sacramentos. O rito
sacramental se compõe de palavras e símbolos que explicam e realizam a
santificação de acordo com cada sacramento. Pela palavra e pelo símbolo
entendemos esse dom de Deus, participamos de sua graça (encontro com Cristo) e
recebemos as indicações sobre o modo de vivê-lo em nosso dia a dia. Os
sacramentos são fontes de vida. Não são ritos que passam. Em toda celebração,
cuidemos fortemente da proclamação da Palavra, mesmo que seja um pequeno texto.
Ele anuncia a presença de toda a salvação. Essa é sua primeira riqueza: Deus
que nos fala, instrui e encaminha. Sem Palavra não há sacramento.
191. Celebração da vida de Cristo
A segunda riqueza do
sacramento é a presença de Cristo nas celebrações litúrgicas: “Onde dois ou
três estão reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt 18,20). No número
7 de Sacrosanctum Concilium encontramos que Cristo está presente nos
sacramentos, “pois quando um batiza, é Cristo que batiza, quando um perdoa, é
Cristo que perdoa”. Não somente Cristo age, mas Ele é a realidade que acontece
em cada sacramento. Encontramos Cristo que é nossa vida. Ele é o “caminho, a
verdade e a vida” (Jo 14,6). Cristo é a verdade que instrui, o caminho a seguir
e a vida a ser vivida. A celebração sacramental celebra nossa vida na vida de
Cristo. Cristo passa a ser nossa vida. O modo de viver do cristão será o modo
de Cristo. Nós O conheceremos mais e mais, pois Ele é verdade a ser aprendida e
vivida. Lendo as cartas de Paulo, entendemos o que seja Cristo em nossa vida.
Paulo O amava e dizia: “Para mim viver é Cristo” (Fl 1,21). “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo que vive em mim; minha
vida na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou
por mim” (Gl 2,20).
192. Comunidade sacramental
Seguindo
a tendência da natureza, somos individualistas. Esse mal penetrou também a vida
de Igreja, de modo particular a vida espiritual. Cada um se defende como pode e
faz tudo como se dependesse só de si. A dimensão comunitária é ocasional. Se
não há comunidade, parece que não muda nada. Certamente há uma responsabilidade
pessoal, pois o indivíduo é fundamental. Fazemos parte de uma comunidade
eclesial. Não há uma Igreja Universal que não seja feita das partes das muitas
comunidades. A comunidade é espiritual, mas feita de membros santos e
pecadores. Unidos a essa comunidade celebramos os sacramentos e os vivemos em
nosso cotidiano. Todo sacramento é comunitário, mesmo a confissão, pois os
pecados atingem o Corpo de Cristo que é a Igreja, e nela recebemos o perdão.
É natural viver os sacramentos dentro da
comunidade. Vencendo o individualismo, vivendo Cristo em nós, poderemos
realizar a missão de Cristo.
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