PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Caminho
para as águas vivas.
O
tempo da Quaresma é a oportunidade que nos é oferecida pela liturgia para nos
prepararmos para a Páscoa. Ela toma o seu significado da Páscoa da Ressurreição
de Jesus. Participamos de sua Ressurreição pelo nosso batismo quando morremos e
ressuscitamos através das águas vivas. Celebrando o sacramento da Quaresma
renovamos nossa disposição de ouvir cada vez mais a Palavra de Deus “que está
tão perto de nós” (1ª leitura - Romanos 4,8). Neste tempo bendito renovamos
nossa fé, pois assim diz a Escritura: “se confessares com tua boca Jesus como
Senhor e, no teu coração, que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm
4,9). Renovamos neste tempo nossa disposição de conversão através de uma vida
mais recolhida e até penitente, para chegarmos à Páscoa e renovarmos nosso
batismo na verdade. Como a profissão de fé do povo judeu lembrava a libertação
do Egito e seus caminhos pela história, também nós professamos nossa fé
reconhecendo a presença de Deus em nossa vida. Reconhecemos que nos liberta e
nos dá o dom de viver no seu povo e recebendo todos os seus dons. Nossa
profissão de fé seja como a do fiel judeu que agradece a Deus apresentando os
frutos da terra, dons de sua bondade.
Difícil
travessia da vida
Jesus
foi conduzido ao deserto para ter tentado (Lc 4, 1-13). O que são as tentações
de Jesus? Foram somente três? Uma só vez? As três tentações não são só um
momento em sua vida. São a síntese de todas suas tentações que o seguem durante
toda vida. Estas tentações são as nossas tentações e tornam difícil nossa
caminhada. Se por um lado temos uma batalha forte, por outro, a vitória é
gloriosa. Estas tentações são o esquema geral de tudo o que acontece no campo
do pecado. Elas atingem o fundamental: a cobiça dos bens, do poder e do prazer.
Tudo é bom, desde que orientado pelo Espírito que animava Jesus e nos é dado
continuamente. O Espírito nos ajuda a vencer a partir do momento em que, ao
lado do pão que comemos, alimentamo-nos da Palavra de Deus. Vencemos quando, ao
lado da sede de poder, de orgulho, de vaidade, acolhemos a vontade de Deus,
vivemos a humildade e não O tentamos como o tentaram Adão e Eva buscando ser
iguais a Deus, como tentaram tantos fazendo só sua vontade. Vencemos, quando,
vivendo no meio dos belos prazeres, somos capazes de adorar a Deus, servindo-o
e encontrando prazer em servir os irmãos. Tentar a Deus é buscar somente nosso
interesse. Isto nos faz ser vencidos.
As
águas vivas.
A
Campanha da Fraternidade trabalha este ano o tema da água. São Francisco
cantava: “nossa irmã a água fonte de vida para a terra e os seres que a povoam”
(Cântico das Criaturas). Em um mundo que caminha para a sede, somos chamados a
transformar esta preocupação em uma ocupação séria e consistente do bom
aproveitamento da água. Por outro lado é tempo de lembrar que as águas do
batismo devem ser uma fonte permanente para nós e fecundar todas os nossos
dias. Deste modo nossa vida produzirá sempre mais frutos.
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