quinta-feira, 3 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Não tentarás o Senhor teu Deus!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Caminho para as águas vivas.
        O tempo da Quaresma é a oportunidade que nos é oferecida pela liturgia para nos prepararmos para a Páscoa. Ela toma o seu significado da Páscoa da Ressurreição de Jesus. Participamos de sua Ressurreição pelo nosso batismo quando morremos e ressuscitamos através das águas vivas. Celebrando o sacramento da Quaresma renovamos nossa disposição de ouvir cada vez mais a Palavra de Deus “que está tão perto de nós” (1ª leitura - Romanos 4,8). Neste tempo bendito renovamos nossa fé, pois assim diz a Escritura: “se confessares com tua boca Jesus como Senhor e, no teu coração, que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 4,9). Renovamos neste tempo nossa disposição de conversão através de uma vida mais recolhida e até penitente, para chegarmos à Páscoa e renovarmos nosso batismo na verdade. Como a profissão de fé do povo judeu lembrava a libertação do Egito e seus caminhos pela história, também nós professamos nossa fé reconhecendo a presença de Deus em nossa vida. Reconhecemos que nos liberta e nos dá o dom de viver no seu povo e recebendo todos os seus dons. Nossa profissão de fé seja como a do fiel judeu que agradece a Deus apresentando os frutos da terra, dons de sua bondade.
Difícil travessia da vida
  Jesus foi conduzido ao deserto para ter tentado (Lc 4, 1-13). O que são as tentações de Jesus? Foram somente três? Uma só vez? As três tentações não são só um momento em sua vida. São a síntese de todas suas tentações que o seguem durante toda vida. Estas tentações são as nossas tentações e tornam difícil nossa caminhada. Se por um lado temos uma batalha forte, por outro, a vitória é gloriosa. Estas tentações são o esquema geral de tudo o que acontece no campo do pecado. Elas atingem o fundamental: a cobiça dos bens, do poder e do prazer. Tudo é bom, desde que orientado pelo Espírito que animava Jesus e nos é dado continuamente. O Espírito nos ajuda a vencer a partir do momento em que, ao lado do pão que comemos, alimentamo-nos da Palavra de Deus. Vencemos quando, ao lado da sede de poder, de orgulho, de vaidade, acolhemos a vontade de Deus, vivemos a humildade e não O tentamos como o tentaram Adão e Eva buscando ser iguais a Deus, como tentaram tantos fazendo só sua vontade. Vencemos, quando, vivendo no meio dos belos prazeres, somos capazes de adorar a Deus, servindo-o e encontrando prazer em servir os irmãos. Tentar a Deus é buscar somente nosso interesse. Isto nos faz ser vencidos.
As águas vivas.

  A Campanha da Fraternidade trabalha este ano o tema da água. São Francisco cantava: “nossa irmã a água fonte de vida para a terra e os seres que a povoam” (Cântico das Criaturas). Em um mundo que caminha para a sede, somos chamados a transformar esta preocupação em uma ocupação séria e consistente do bom aproveitamento da água. Por outro lado é tempo de lembrar que as águas do batismo devem ser uma fonte permanente para nós e fecundar todas os nossos dias. Deste modo nossa vida produzirá sempre mais frutos.

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