Evangelho segundo S. João 12,1-11.
Seis dias
antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha
ressuscitado dos mortos. Ofereceram-lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro
era um dos que estavam com Ele à mesa. Então, Maria ungiu os pés de Jesus
com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os
seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume. Nessa altura
disse um dos discípulos, Judas Iscariotes, aquele que havia de o entregar: «Porque é que não se vendeu este perfume por trezentos denários, para os dar
aos pobres?» Ele, porém, disse isto, não porque se preocupasse com os
pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa do dinheiro, tirava o que
nela se deitava. Então, Jesus disse: «Deixa que ela o tenha guardado para o
dia da minha sepultura! De facto, os pobres sempre os tendes convosco, mas a
mim não me tendes sempre.» Um grande número de judeus, ao saber que Ele
estava ali, vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que
Ele tinha ressuscitado dos mortos. Os sumos sacerdotes decidiram dar a morte
também a Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, os abandonavam e
passavam a crer em Jesus.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em
Inglaterra
Sermão «As lágrimas de Cristo no túmulo de Lázaro», PPS, t. 3, n°
10
«Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro sepultado
havia quatro dias. […] Então Jesus começou a chorar» (Jo 11,17.35). Porque
chorou Nosso Senhor diante do túmulo de Lázaro? […] Chorou por compaixão pelo
luto dos outros […]; chorou ao ver a angústia do mundo […].
Mas
houve outros pensamentos que também provocaram as suas lágrimas. Como foi
conquistada esta benesse prodigiosa em favor das duas irmãs? À sua própria
custa. […] Cristo traria vida aos mortos pela sua própria morte. Os seus
discípulos tinham tentado dissuadi-Lo de regressar à Judeia, com medo de que O
matassem (cf Jo 11,8); e os seus medos concretizaram-se. Ele foi ressuscitar
Lázaro e a fama desse milagre foi a causa imediata da sua prisão e crucifixão
(cf Jo 11,53). Ele sabia disso tudo com antecedência […]: viu a ressurreição de
Lázaro, a refeição em casa de Marta, com Lázaro à mesa, uma grande alegria,
Maria a homenageá-Lo durante a refeição festiva derramando um perfume muito caro
sobre os seus pés, os judeus acorrendo em grande número, não apenas para O verem
mas também para verem Lázaro, a sua entrada triunfal em Jerusalém, a multidão
que gritava «Hossana», as pessoas que testemunhavam a ressurreição de Lázaro, os
gregos que tinham vindo adorar a Deus durante a Páscoa e que quiseram vê-Lo a
todo custo, as crianças que participavam da alegria geral — e depois os fariseus
conspirando contra Ele, a traição de Judas, o abandono dos seus amigos, a cruz
que O recebeu. […]
Ele pressentiu que Lázaro regressava à vida à
custa do seu próprio sacrifício, que Ele descia ao sepulcro que Lázaro deixara,
que Lázaro iria viver e Ele morrer. As aparências seriam invertidas: houve uma
festa em casa de Marta mas a última Páscoa de amargura seria unicamente sua. E
Ele sabia que aceitava esta inversão de bom grado, pois tinha vindo do seio de
seu Pai para expiar com o seu sangue os pecados de todos os homens e assim fazer
ressuscitar do túmulo todos os crentes.
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