segunda-feira, 25 de novembro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Na cidade feita de gente”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Com alma, mas de barro
 
Falamos que Deus mora nessa cidade. A cidade é feita de pessoas, pois assim se faz uma cidade. A política fundamental é viver uns para os outros. Por mais que sejamos remunerados, ninguém paga o amor e a dedicação que colocamos no que fazemos. Por isso, todo trabalho é uma generosa caridade. Quem come o pão com amor sente o cheiro do campo e o suor de quem trabalhou nas madrugadas para que chegasse quentinho a nossa casa. Assim também, para que a presença de Deus no mundo seja visível, há aqueles que se dedicam para que se manifeste. O Papa é reconhecido (EG 77) e agradece a dedicação de tantos que se dedicam para que essa cidade possa ser habitação de Deus nas mais diversas situações em que vivem as pessoas. Quem faz o bem constrói o Reino e mostra a bondade de Deus. Deus não precisa de rótulo para se entregar. O Papa Francisco diz nesse sentido: “Agradeço o belo exemplo que dão tantos cristãos que oferecem a sua vida e o seu tempo com alegria” (EG 76). Por outro lado, nem todos trabalham com a coerência. Estes não fazem perder o valor dos que se dedicam. Diz também: “A nossa tristeza e vergonha pelos pecados de alguns membros da Igreja, e pelos próprios, não devem fazer esquecer os inúmeros cristãos que dão a vida por amor”. O escandaloso não é representante da família inteira que faz o bem. Sabemos que a Igreja é a instituição que faz mais ação social e promove assistência no mundo. Isso não são palavras minhas, mas uma constatação. A sociedade, avessa à Igreja, só vê seus males (que não deveriam existir). Isso mostra bem sua face. Esses nossos doentes devem ser curados com carinho, pois são vítimas do mal. Eles também têm direito à cura e não só à condenação de tolerância zero. 
A luz que há em ti 
A boa ferramenta procura o bom artista. Pouco vale ter uma ferramenta especial se não se sabe trabalhar com ela. Assim, os agentes de transformação da cidade são vivamente chamados pelo Papa a viverem a intensidade da espiritualidade. Não se trata de muitos momentos de espiritualidade, mas de uma espiritualidade que alimente o encontro com os outros, o compromisso com o mundo e a paixão pela evangelização (EG 78). Com essa luz interior se torna possível uma evangelização consistente. Certamente há uma grande e avassaladora mídia que tira o animo dos evangelizadores fazendo-os se sentirem fracos e inferiorizados. Como para superar essa situação procura-se o nivelamento de serem iguais aos outros adotando seus princípios. Sabemos da influência dos meios de comunicação. Tudo se torna relativo, mesmo a doutrina. Não se trata de ser rigoroso para dizer que se tem a verdade, nem ser relaxado para facilitar a aproximação da verdade. Mas ser coerente. Por isso a importante a espiritualidade. É a luz que ajuda a discernir. 
Meias verdades 
odemos dizer com segurança: o pior inimigo da fé somos nós mesmos que trocamos a verdade por outros princípios. A verdade não atrapalha nem destrói o ser humano. Pode ser contrária ao que há em volta. Mas não podemos entregar a verdade para agradar o interlocutor. Verdade não significa atitude grosseira, mas firmeza nos princípios. O diálogo se torna fundamental para mostrar que ela não é contra o ser humano, aliás, o dignifica e desenvolve. O relativismo não é bom. Esse modo de agir contamina não só as idéias, mas também o estilo de vida, levando a viver as falsas seguranças da economia, da busca do poder, da vaidade humana e do prazer. O interesse maior não é a missão, mas o estilo de vida que é incoerente com a verdade do Evangelho (80).
ARTIGO PUBLICADO EM DEZEMBRO DE 2015

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