Evangelho segundo São Lucas 21,12-19.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa.
Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer.
Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós
e todos vos odiarão por causa do meu nome;
mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá.
Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1347-1380)
Terceira dominicana, doutora da Igreja,
copadroeira da Europa
Carta 54 a Nicolas Soderini, n.° 218
Revestirmo-nos da paciência de Jesus crucificado
Meu querido Pai em Cristo, doce Jesus, eu, Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, escrevo-vos no seu precioso sangue, com o desejo de vos ver fortalecido em verdadeira e santa paciência; porque sem paciência não podemos ser agradáveis a Deus nem estar em estado de graça. A paciência é a medula da caridade.
Sendo ela tão necessária, temos de a encontrar; e sabeis, meu doce e querido Pai, onde a encontraremos? No mesmo lugar e da mesma maneira que encontramos o amor. E onde adquirimos o amor? Encontramo-lo no sangue que Jesus crucificado derramou por amor sob o lenho da Santa Cruz. O amor inefável que vemos nele inspira-nos a amar, porque aquele que se vê amado não pode deixar de amar; e, quando ama, reveste-se da paciência de Jesus crucificado; e, com esta doce e gloriosa virtude, mantém-se calmo no meio de tempestades e provações sem conta.
Revistamo-nos da doutrina de Jesus crucificado e abracemo-la; alegremo-nos nas tribulações, em vez de fugir delas, para nos assemelharmos Àquele que tanto sofreu por nós. Deste modo, mostraremos a nossa paciência, pois como podemos mostrá-la senão no tempo das tribulações? Mais tarde, no Céu, receberemos a recompensa de todas as nossas dores, mas não sem paciência. Foi por isso que vos disse que desejava ver-vos fortalecidos em verdadeira e santa paciência, para que, quando entrardes na nossa cidade de Jerusalém, na visão da paz, possais receber o que conquistastes durante a vossa peregrinação.
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