Evangelho segundo São Lucas 19,41-44.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão, a ti e aos teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».
Tradução litúrgica da Bíblia
(540-604)
Papa, doutor da Igreja
«Moral sobre Job», livro XII, SC 212
«Se ao menos hoje conhecesses
o que te pode dar a paz!»
«Tem os ouvidos cheios de ruídos aterradores, e no meio da paz suspeita de armadilhas» (Jb 15-21, Vg). Pelo contrário, não há coisa mais feliz que um coração simples, que, mostrando-se aos outros pela inocência, nada tem a temer deles; pelo contrário, na sua simplicidade, é como cidadela fortificada, não o preocupa ter de sofrer da parte dos outros aquilo que ele próprio não se lembra de ter feito. Daí as sábias palavras de Salomão: «O temor do Senhor dá firme confiança» (Pr 14,26); e ainda: «A alma segura é como um banquete contínuo» (Pr 15,15). A paz da segurança é como um alimento que se renova sem cessar.
Pelo contrário, o espírito extraviado opera constantemente, seja concebendo ações maléficas contra os outros, seja temendo ser vítima delas. E tudo o que imagina contra o próximo, tudo isso teme que o próximo imagine contra si. Suspeitas por tudo, alarmes por tudo. Quando se lembra de alguém, tem a certeza de que lhe quer mal. Não ter a paz da segurança é ter os ouvidos cheios de ruídos aterradores.
Olhai para um homem assim, pensai em quem quiserdes: muitas vezes, quando um amigo lhe fala com simplicidade e sem segundas intenções hostis, ele suspeita de uma armadilha, porque os seus atos estão sempre carregados de astúcia e não concebe que alguém possa agir com simplicidade em relação a ele. «Não acredita que possa voltar das trevas para a luz, pois nada mais vê em seu redor que a espada» (Jb 15,22, Vg): crendo-se rodeado de armadilhas, perde a esperança da salvação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário