terça-feira, 17 de setembro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus amou de tal modo o mundo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Entrou em nossa história
 
Depois das celebrações da Páscoa do Senhor que culminaram no envio do Espírito Santo, a Liturgia convida todos os fiéis a um profundo e grande hino de louvor e de adoração à Santíssima Trindade. A Igreja, nos grandes concílios dos primeiros séculos, refletiu sobre este inefável mistério. À medida que apareciam doutrinas estranhas sobre a Verdade da Fé, a Igreja se reunia e refletia buscando sempre a Tradição. Temos uma doutrina segura sobre o Mistério revelado pelo Pai através de Seu Filho, Palavra da Verdade, e do Espírito da Santidade. Somos sempre convidados ao louvor e à adoração da eterna Trindade (oração da missa). As orações refletem e rezam este mistério. As leituras nos ensinam que Deus Trindade entrou na história da humanidade com gestos de salvação agindo através de homens e mulheres que foram libertadores do povo. Todos os povos puderam ver a salvação de nosso Deus (Sl 97,3). Desde a criação do mundo Deus se faz salvador. Contemplamos essa salvação quando liberta o povo da escravidão do Egito e o acompanha pelo deserto e por sua história. Deus, tendo assumido a Si um povo particular, quis por meio dele, manifestar sua salvação. Na plenitude dos tempos enviou seu Filho. Assim Jesus disse a Nicodemos: “Deus amou de tal modo o mundo que entregou seu Filho para que todo que Nele crê, não e pereça, mas tenha a vida eterna… Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,16-17). As ações de Deus sempre foram de salvação. A Igreja é anunciadora deste mistério e proclama sua presença em cada sacramento. Como Corpo de Cristo, age para a salvação de todos. São verdades inegociáveis. Contudo precisam ser mais conhecidas e amadas. 
Caminha conosco! 
A experiência de Deus não se reduz a um sentimento interior inefável, mas à certeza de que caminha conosco. Moisés pede a Deus naquele momento de revelação: “Dignai-vos, Senhor, caminhar no meio de nós”! (Ex 34,9). O Deus que adoramos é um Deus que nos ama e está sempre conosco. Vivendo numa sociedade ausente de Deus, muito ocupada com tantas atividades, perdemos a noção da presença atuante de Deus. Ele é o Senhor da História e nos confia a missão de conduzi-la para que seu amor seja atuado em justiça, fraternidade e vida para todos. O Deus que se comove com as lágrimas do pequenino faminto, é o mesmo que se alegra com as descobertas maravilhosas da inteligência de seus filhos. Se Deus caminha conosco é para ensinar-nos a caminhar com os irmãos de tal modo que os necessitados sintam que são amados por Deus. 
Celebramos porque amamos 
A celebração da Eucaristia é um momento privilegiado de realizarmos o laboratório do amor. Paulo convida ao beijo da paz (2Cor 13,12). Não se trata de um gesto ocasional. É um modo de vida no qual todos sejam estimados como participantes do amor que Cristo nos ensinou com sua palavra e sua vida. Essa é a maneira de aprendermos a fazer o mundo novo. A celebração é também o momento de crescimento do amor a Deus Trindade e na comunhão que nos oferece. A comunhão entre os irmãos é sinal e realização da comunhão com a Trindade Santa. A celebração é o momento de ver o Deus que caminha conosco e nos liberta entrando em nossa história pessoal e comunitária. O mistério da Trindade não é inacessível, mas é um convite a um a constante busca e aprofundamento de amor. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! 
Leituras: Êxodo 34,4b-6.8-9; Daniel 3; 
2Coríntios 13,11-13; João 3,16-18 
1. Depois da Páscoa, celebramos a Santíssima Trindade. A Igreja, nos Concílios refletiu sobre este mistério, vencendo as heresias. Somos convidados a louvar e adorar a Trindade. Deus entrou na história da humanidade. Deus se manifesta libertando. Pelo amor o Pai nos enviou seu Filho. A Igreja proclama esse Mistério. 
2. A experiência de Deus nos confirma que caminha conosco. Vivendo numa sociedade ausente de Deus, perdemos a noção da presença atuante de Deus. Ele é o Senhor da História e nos confia a missão de conduzi-la para que seu amor seja atuado na caridade. Deus caminha conosco e ensina-nos a caminhar como irmão. 
3. Na Eucaristia temos o laboratório do amor. Eucaristia não é um gesto, é um modo de vida que nos ensina a participar do amor que Cristo nos ensinou. Crescemos no amor à Deus Trindade e na comunhão que nos oferece. A comunhão com os irmãos é sinal da comunhão com a Trindade. O Mistério da Trindade não é impossível,mas é um convite a busca de aprofundamento. 
Conversa que faz a gente grande 
Falar de Santíssima Trindade dá a impressão de falar difícil. Deus não é complicado. Como não estamos interessados em compreender, dizemos que é difícil, é um mistério. Quem não entende de uma boa conversa? Moisés foi conversar com Deus chamou-O de misericordioso, clemente, rico em bondade e fiel. Mesmo sabendo que o povo é de cabeça dura, convida a Deus: Caminha conosco e acolhe-nos como tua propriedade! (Ex 34,6.9). Paulo nos ensina que estejam sempre conosco a graça de Jesus, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo. A comunhão com Deus nos coloca em conversa com Ele. Deus dá valor à nossa conversa pequena, pois quando falamos com Ele, nossa conversa é grande. Deus Pai enviou Jesus não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem ensina um Deus distante, perigoso que condena não faz parte da comunhão com Ele. Deus é muito bacana e legal mesmo. A gente não pensaria que queria ser igual a nós , como fez Jesus. 
Homilia da Solenidade da Ssma. Trindade (15.06.2014)

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