em Placência. Beatificado em 1998.
A chamada à santidade no seguimento fiel do Evangelho também foi vivida com grande intensidade, mesmo se numa época e em circunstâncias diferentes, pela beata Brígida de Jesus Morello, Fundadora das Irmãs Ursulinas de Maria Imaculada. Tendo vivido num século em que o papel feminino ainda era pouco reconhecido, Brígida de Jesus Morello é testemunha dos autênticos valores da mulher e resplandece também na nossa época como exemplo luminoso do específico contributo que a mulher, quer na vida civil quer na religiosa, pode oferecer à Comunidade cristã e à sociedade.
Este seu empenho de solidariedade para com os irmãos era expressão duma intensa vida espiritual, enriquecida de «Imolou-se pelo bem da Igreja» particulares experiências místicas. Durante os longos anos de doença e de sofrimentos físicos e interiores, a nova Beata dirigia com freqüência o olhar orante para o Crucifixo, que levava sempre consigo. Uma reprodução artística desta imagem, oportunamente ampliada, foi trazida a esta Sala para ser, depois, transferida para Sarajevo, para a nova Igreja erigida em honra de São Leopoldo Mandic. Com efeito, dirigia-se com freqüência para a terra dos balcãs a oração da Beata Brígida, invocando ao Senhor a conversão de todos e a paz para «o universo mundo». Dirige-se às suas filhas espirituais a minha afetuosa saudação, juntamente com os votos de que a beatificação da Madre Morello infunda um renovado estímulo ao seu precioso testemunho de vida consagrada e ao generoso serviço por elas desempenhado no âmbito educativo e assistencial.
Fonte:
http://www.vatican.va/
“O Senhor é misericordioso e compassivo,
tardo na ira e grande no Seu amor”.
Estas palavras, que a Liturgia de hoje apresenta no Salmo responsorial, sustentaram e orientaram a heroica fidelidade ao Evangelho da Beata Brígida de Jesus Morello, religiosa e fundadora das Irmãs Ursulinas de Maria Imaculada. As vicissitudes da sua diversificada existência - primeiro como jovem rica de virtudes humanas e espirituais, sucessivamente como esposa fiel e sábia, depois como viúva cristã e, por fim, como pessoa consagrada e guia das suas Irmãs - refletem com particular nitidez o confiante abandono da nova Beata à misericórdia de Deus, que é “tardo na ira e grande no Seu amor”.
Foi nesta escola que a Beata Brígida de Jesus aprendeu a lição fundamental do amor que se despende na dedicação quotidiana ao serviço do próximo. Numa época em que os ideais da feminilidade não eram muito considerados, a Beata Morello pôs em relevo sem fragor o valor da mulher na família e na sociedade. Apaixonada de Deus, esteve por isso sempre disponível a abrir o coração e os braços aos irmãos e irmãs necessitados. Enriquecida de dons místicos e, ao mesmo tempo, provada por longos e graves sofrimentos, não deixou de ser para os seus contemporâneos uma autêntica mestra de vida espiritual e um exemplo significativo de admirável síntese entre vida consagrada e empenho social e educativo.
Nos seus escritos transparece um convite constante à confiança em Deus. Gostava de repetir: “Confidência, confidência, coração grande! Deus é nosso Pai e nunca nos abandonará!”
Não é porventura singularmente atual esta mensagem que a nova Beata nos propõe? Esta nossa irmã na fé, hoje elevada às honras dos altares, recorda-nos com vigor que amar a Deus é o segredo de todo o verdadeiro e eficaz empenho social em favor dos irmãos.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 15 de março de 1998
Brígida Morello foi uma mulher de seu tempo, o século XVII: uma mulher de grande fé que soube ver nos acontecimentos históricos, e sobretudo nos que se relacionavam a ela, como viver a santa vontade de Deus.
“Deus é nosso Pai e nunca nos abandonará”. Esta segurança de ser amada como filha, gratuita e incondicionalmente, motivou-a a entregar seu carinho ao próximo.
Brígida nasceu em 17 de junho de 1610 em São Miguel de Pagana (Gênova), na Costa de Levante, sexta de onze filhos, cresceu em um lar intensamente cristão. Aos 23 anos, em 14 de outubro de 1633, se casou com Mateus Zancano, de Cremona, e se estabeleceu com seu marido em Salsomaggiore (Parma), onde foi reconhecida por suas virtudes.
Aos 27 anos, em 11 de novembro de 1637, ficou viúva, quando fez o voto de castidade, desejando tornar-se religiosa, porém não obteve sucesso ao desejar entrar entre as capuchinhas da localidade devido ao fato de ser viúva.
Em 1640 se transferiu para Piacenza, onde os jesuítas se tornaram seus diretores espirituais, guiando-a sempre e a mantendo na via da perfeição, especialmente por parte do Padre Antônio Morando, seu confessor e primeiro biógrafo.
Margarida de Médici, duquesa de Parma e Piacenza, queria dotar Piacenza de um Instituto de Ursulinas para a educação da juventude feminina, similar ao que existia em Parma. Para isto, em setembro de 1646, Brígida Morello acolheu algumas jovens mulheres em sua casa, sob a denominação de Santa Úrsula, dando assim início, em 17 de fevereiro de 1649, Quarta-feira de Cinzas, com cinco companheiras, a uma nova família de Ursulinas, sob a direção dos jesuítas.
Entretanto, Brígida não foi a primeira superiora, pois em 1665 ela foi eleita como tal, sendo confirmada em 1670 e em 1675. Suas precárias condições de saúde não a impediram governar por extensos períodos, inclusive da cama, sua Congregação de Ursulinas de Maria Imaculada.
Durante os longos anos de doença e de sofrimentos físicos e interiores, a Beata dirigia com frequência o olhar orante para o Crucifixo que levava sempre consigo. A oração da Beata Brígida dirigia-se com frequência para a terra dos Balcãs, invocando ao Senhor a conversão de todos e a paz para “o universo mundo”.
Brígida faleceu no dia 3 de setembro de 1679, em Piacenza, e foi enterrada na igreja local de São Pedro; hoje não existem rastros de seu túmulo, mas há um certo número de cartas, alguns escritos autobiográficos e edificantes, documentos dos quais se pode tirar uma visão exata das experiências espirituais da fundadora.
Somente nos anos 1927-28 se celebrou em Piacenza o processo ordinário para sua beatificação. O decreto sobre a heroicidade de suas virtudes se obteve em 29 de abril de 1980. Em 15 de março de 1998 o papa João Paulo II a beatificou.
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