Era hábil, sagaz e activa Boleslava Maria Lament, nascida na Polónia, em Lowicz, a 3 de Julho de 1862. Ainda muito nova, abre, na sua terra, uma casa de confecções, depois de haver aí feito os estudos secundários e de se ter especializado numa escola de Alta Costura, em Varsóvia.
Beata Boleslava Maria Lament.jpgEmbora a vida lhe sorrisse, com a empresa a prosperar mais e mais, experimentava, dentro de si, uma certa nostalgia logo interpretada como chamamento do Espírito para se consagrar a Deus na vida religiosa. Por isso, aos vinte e dois anos, com uma de suas irmãs mais novas, entrou na Congregação da Família de Maria, que, ao tempo, por razões políticas, actuava na clandestinidade.
Feito o noviciado, já com os votos temporários, trabalhou em diferentes casas da congregação, em diversos ofícios. Entretanto, sentia, cada vez mais, um apelo a uma vivência de maior contemplação e intimidade com Deus. A clausura parecia-lhe ser o ideal supremo da existência terrena.
Sem fazer os votos perpétuos, abandonou a congregação, sempre com os olhos postos no seu ideal. Enquanto não concretizava o sonho, foi-se dedicando, sob a orientação de alguns sacerdotes, a cuidar de crianças e jovens, habitantes dos bairros degradados de Varsóvia, onde os perigos para a prática da fé eram desmedidos. Filiou-se então na Ordem Terceira de S. Francisco, cooperando com o beato Honorato Podlaska, seu director espiritual.
Ia pelos quarenta e três anos, quando com a cooperação do jesuíta P. Félix Wiercinski, funda, em Mohilev, a Congregação Monástica Ecuménica das Irmãs Missionárias da Sagrada Família, para impulsionarem a unidade das Igrejas Católica e Ortodoxa e se dedicarem ao cuidado dos mais pobres.
A vida foi-lhe adversa. Por entre perseguições várias, chegaram, por duas vezes, a roubar-lhe todo o património da sua Congregação. Experimentou a fome, juntamente com suas irmãs professas, e ficou sem casa onde habitar. Por entre tanta miséria, com uma paciência inaudita, costumava repetir o pensamento de Santo Inácio de Loyola: "Tudo para a maior glória de Deus!", animando suas irmãs com uma frase que ficou na memória de todas: "Não nos cansemos de praticar o bem. A seu tempo, colheremos, se não tivermos desfalecido". E acrescentava o conhecido conselho de S. Paulo:
"Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé".
Sempre sensível a qualquer forma de infortúnio, olhando sobretudo para os marginalizados da sociedade e os destruídos pelo crime, a todos acompanhava com ternura e compreensão.
Dilacerada pela divisão das Igrejas, pretendeu pôr a sua congregação ao serviço do espírito ecuménico que começava a surgir nas comunidades eclesiais., lembrando continuamente a oração de Jesus: "Pai, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que todos sejam um, assim como Nós somos um".
Ao morrer, a 29 de Janeiro de 1946, já a sua congregação estava consolidada, possuindo até em Roma uma casa. Hoje as irmãs Missionárias da Sagrada Família trabalham além da Polónia e Itália, na Bielorrússia, na Rússia e na Lituânia.
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