Com alegria recordo que ontem, em Rovigo, foi proclamada Beata Maria Bolognesi, fiel leiga, nascida em 1924 e morta em 1980. Passou toda a sua vida a serviço dos outros, especialmente dos pobres e doentes, suportando grande sofrimento em profunda união com a paixão de Cristo. Demos graças a Deus por este testemunho do Evangelho!
Papa Francisco – Angelus 08 de setembro de 2013
A história de Maria Bolognesi é de uma mulher muito simples chamada a ser, de uma maneira singular, sinal de presença de Deus. Nasceu em 1924 em Bosaro, na província de Rovigo, no nordeste da Itália, de uma família pobre e numa situação difícil.
Frequentou as escolas até o segundo ano primário; mas através da avó aprendeu a sabedoria da fé e o amor pela oração. Por isso desde menina sua assiduidade à missa cotidiana, ao catecismo, à Ação católica, enquanto ajuda a família no trabalho da terra.
A 21 de junho de 1940, porém, acontece, algo misterioso: para Maria começa um período de trevas, que se caracteriza por um profundo mal-estar. Existe nela uma força que lhe impede de colocar o pé na paróquia de são Caseiro onde era de casa; as amigas contaram que “é como se uma força poderosa a arrastasse longe da igreja e de qualquer sacerdote”.
No verão de 1941 o pai a imobiliza: é a única maneira para realizar um exorcismo por um sacerdote, antes, e – poucas horas depois (não tendo surtido efeito) – também pelo bispo. A possessão diabólica – informam os biógrafos – a partir daquele momento se atenua, mas continua a se manifestar até janeiro de 1942.
Mas a partir de 1º de abril daquele mesmo ano, a situação muda radicalmente: iniciam as visões místicas durante as quais Cristo lhe entrega três alianças. A primeira com cinco rubis, representando Suas cinco chagas. A partir daí ela suportou os mesmos sofrimentos de Jesus no Calvário e começou a suar sangue, experimentando o sofrimento de Cristo, suportou com paciência e oferecendo sua cruz a Jesus para aqueles em necessidade. Todos puderam constatar os fenômenos acompanhados de formas de participação física aos sofrimentos de Jesus no Calvário.
A pedido do diretor espiritual começa também a tomar nota, num caderno, de suas experiências místicas: escreverá mais de 2 mil páginas.
Após o período de possessão, além de suar sangue sofreu de pneumonia, broncopneumonia, oftalmia crônica (extrema secura dos olhos pela total ausência de lágrimas), vermes, vômitos, anemia, reumatismo, dor ciática, laringite crônica e faringite, dextrocardia (o coração está na metade direita do tórax) e acidente vascular cerebral que enfraqueceu o corpo por longos anos. O primeiro ataque cardíaco foi sofrido em 1971. Mas continua sempre uma mulher muito ativa: continua seu compromisso na Ação católica e seu serviço como catequista paroquial. E alimenta uma atenção particular pelos doentes.
Morre a 30 de janeiro de 1980. “Maria – escreveu o postulador de sua causa de beatificação, padre Tito Maria Sartori – continua sendo pobres entre os pobres, sinal da presença divina nas almas humildes. Também se os dons místicos que enriquecem a relação com Deus continuam longe da nossa experiência, o amor pelos necessitados, sua dedicação aos doentes, sua participação aos sofrimentos dos demais são também para nós um exemplo a ser imitado e um motivo a mais para pedir a ela que interceda junto a deus em nosso favor”.
Maria é lembrada como "mulher silenciosa da caridade, a ocultação é para ela uma forma essencial de vida, o seu amor, como o amor a Deus em oração incessante e a dedicação de sua vida a Ele; caridade para com os irmãos em suas necessidades materiais de indigência - sua pobreza envolvida na pobreza de outras pessoas - e, acima de tudo, nas suas dificuldades morais.
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