Feirgil nasceu numa família de nobres irlandeses por volta de 743.
Pouco se sabe de sua infância. Sabe-se apenas que se tornou monge na abadia beneditina de Achadh-bo-Cainningh, na Irlanda, onde adquiriu vasta cultura não só teológica e bíblica, mas também científica, sobretudo em matemática e geografia.
Trocou a Irlanda pela França em 743 e não mais retornou a seu país. Permaneceu dois anos em Cressy, perto de Compiègne, sendo depois recebido pelo rei Pepino, o Breve, que desejava fundar em seu reino centros culturais e pacificar seu povo com a fé cristã. Virgílio foi convidado para abrir uma escola superior na região da Baviera, junto ao Duque de Odilon. Com a morte do bispo de Salzburgo, Virgílio foi eleito abade da Abadia de São Pedro, da qual dependia o bispado. Nesta qualidade Virgílio deveria governar a diocese, embora sem sagração episcopal.
Na época, São Bonifácio, o chamado apóstolo da Alemanha, atuava como representante do papa na região, e caberia a ele essa indicação e não a Odilon. O que o desagradou não foi a escolha de Virgílio, mas o fato de ter sido feita por Odilon. Ambos nutriam entre si uma profunda divergência no campo doutrinal e Virgílio participava do mesmo entendimento de Odilon.
Como pastor e mestre da diocese, Virgílio por seu espírito de organização, pelas iniciativas que visavam a educação religiosa do povo e por seu alto saber se destacou em seu zelo. Edificou a majestosa catedral da cidade, por ele consagrada, mas separada do mosteiro de São Pedro, dando origem a uma pacífica distinção entre a abadia dos monges e a diocese. O rei Pepino, ao convidá-lo a trabalhar em seu reino, tinha óbvios objetivos políticos, mas Virgílio soube habilmente administrá-los, impondo sua ação pastoral e seu ensinamento num plano exclusivamente espiritual e com preocupações unicamente morais.
Virgílio foi apelidado como “o Geômetra”. Viveu oito séculos antes de Galileu e Copérnico e já sabia que a Terra era redonda, o que na ocasião seria uma heresia cristã. Foi para Roma para se justificar com o papa, deixou a ciência de lado e abraçou integralmente o seu apostolado a serviço do Reino de Deus como poucos bispos consagrados o fizeram.
Em 755, um ano após a morte de São Bonifácio, Virgílio foi consagrado oficialmente bispo de Salzburgo. Continuou evangelizando a Áustria, de norte a sul, e inclusive uma parte do norte da Hungria.
Fundou e restaurou mosteiros e igrejas, editando o primeiro catálogo e crônica dos mosteiros beneditinos, obra magistral que continuou seus relatórios por cinco séculos, transmitindo preciosas notícias da vida cristã, inclusive, de oito mil nomes de personalidades e lugares.
Virgílio faleceu, aos oitenta anos, no dia 27 de novembro de 784. Foi sepultado na Catedral de Salzburgo, que foi destruída pelo fogo 500 anos depois. Contudo, suas relíquias foram salvas e, por ocasião da trasladação, ocorreram vários milagres.
O Papa Gregório IX reconheceu oficialmente a santidade do grande bispo Virgílio, em 1233, que recebeu um vasto culto popular, sobretudo na Alemanha. São Virgílio foi proclamado padroeiro de Salzburgo.
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