quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Seu nome será João

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Misericórdia que veio do alto 
Diante do nascimento de João Batista podemos contemplar “a misericórdia do alto que nos vem visitar”. A misericórdia de Deus para com seu povo é apresentada pelo nascimento de uma criança de um casal de idosos, sem esperanças, levando o “opróbrio” de não ter um filho. Isto significava um fracasso diante da sociedade e até uma maldição. Não ter filhos significava ausência de uma bênção. A criança era símbolo do povo de Israel que estava esgotado e já sem muitas esperanças de um futuro. O Velho Testamento, mesmo esgotado, ainda tinha força para gerar o futuro Messias. Isabel, representando a fertilidade do Antigo Testamento, tem a certeza que a bondade de Deus para com ela foi obra de sua misericórdia. Os vizinhos vieram festejar essa misericórdia na circuncisão do menino (Lc 1,58). Zacarias ao proclamar a bondade de Deus reza: “Graças à misericórdia de nosso Deus, o sol nascente virá nos visitar” (Lc 1,78). João é a expressão da misericórdia de Deus. Isabel foi libertada do opróbrio de não ter filho. A humanidade se liberta do mal que acumulara nos séculos. Para Deus nada é impossível, diz o Anjo a Maria, citando o que Deus fizera a Isabel (Lc 1,37). A insistência sobre o nome está em sua missão: a graça misericórdia de Deus que nos visita. Deus se abaixa para abraçar e acolher a todos. A história se torna fecunda e germina o Salvador. Tem consciência que sua missão é em vista do Messias. João é o maior entre os nascidos de mulher (Lc 7,28). Sua missão ainda ressoa entre nós como os operários que preparam a vinda do Senhor aos corações. 
Ele se fortalecia
“E o menino crescia e se fortalecia no Espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel” (Lc 1,80). Tinha o mesmo ritmo de Jesus que crescia, mas estava no silêncio preparando-se para seu ministério. É a imagem da ação de Deus que aguardou séculos até manifestar o Salvador. É o caminho de cada um que quer um ministério fecundo: primeiramente encher-se de Deus para depois leva-lo a todos com generosa abundância. João vivia nos lugares desertos. O deserto nos educa para Deus. Significa o conhecimento de si, de sua missão e a vitória sobre as forças contrárias ao Reino. É um modelo de formação do líder cristão. Primeiramente acolher o mistério de Deus e depois levá-Lo aos outros. O deserto exerce bem essa função. O homem moderno tem medo do silêncio, pois o coloca diante de si mesmo. Há sempre a procura de preencher o tempo vazio. O chamamento ao silêncio continua sendo uma chamada permanente. Somente assim se pode ter um silêncio permanente no meio do ruído. A areia do deserto esculpe em nós o rosto de Deus. Assim podemos ser seus anunciadores. 
Palavra aguçada 
São aplicadas a ele as profecias do Servo de Javé que tem uma missão pelo povo de Deus: “Não basta ser meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até os confins da terra” (Is 49,6). Sua palavra caiu sobre Israel como uma chuva benéfica e alertou o povo para a chegada do Messias, pois havia tempos que não aparecia um profeta. O povo soube entender os tempos de Deus. Chegaram a ver nele o Messias prometido. Ele sabe de seu lugar e afirma sua missão de preparar os caminhos do Senhor. Ele declara sua condição de humilde servidor que traz o alegre anúncio da vinda do Messias. A liturgia assim reza: “Alegrando-se pelo nascimento de João Batista, reconheça Cristo por ele anunciado”.

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