sábado, 28 de dezembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Duas Oliveiras

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
(Ao fundo, o sempre estimado missionário redentorista,
 diretor querido, PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO!)
Plantadas na casa do Senhor 
No livro do Apocalipse encontramos a figura de duas testemunhas a quem chama de as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor. Elas serão perseguidas e terão seus cadáveres expostos, mas depois receberão o hálito de vida (Ap 11,3-11). Podemos ler nessas duas magníficas figuras, os apóstolos Pedro e Paulo. Anunciarão o Evangelho, mas também serão perseguidos e mortos. Contudo, permanecem vivos como mestres permanentes do povo de Deus. Paulo e Pedro são duas figuras diferentes como formação. Pedro, humilde pescador. Paulo doutor formado. Ambos zelosos pela fé judaica e convertidos ardentes ao Evangelho de Jesus. Jesus é o sentido de suas vidas. A Igreja, em seus primeiros momentos, viveu situações difíceis às quais deviam dar respostas que não estavam escritas nas “leis” que não existiam ainda. Tiveram que resolver na fé em Jesus e em seu modo de crer. Pedro, mesmo sendo muito aberto às novidades que surgiam, ainda era apegado às tradições. Paulo, mesmo sendo muito fiel, pelo contato com os povos pagãos e depois de ver o efeito da graça do Evangelho entre os pagãos, soube discernir a missão do povo hebreu aberta a todos os povos. Com isso houve, inclusive choques, entre Pedro e Paulo. Mas venceu o bom senso e a abertura ao Espírito Santo. Tivemos assim dois modos de ser cristão: Cristãos que continuavam seguindo a lei judaica, e cristãos que não a seguiam, por serem provenientes do paganismo. Paulo não aceitava que se impusesse a lei judaica aos pagãos. Ele era um judeu fiel, mas vivendo a liberdade em Cristo. 
Uma Igreja de Pedro e Paulo 
A Igreja proveniente do judaísmo não teve longa duração. A Igreja proveniente dos gentios se desenvolveu e chegou até nós. Todos nos baseamos na fé proclamada por Pedro: “Tú és o Messias o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). E temos a mesma fé que Paulo também professou: “Guardei a fé” (2Tm 4,7). Vivemos atualmente na igreja duas tendências. Cada uma se coloca como a única opção. A única opção é a fé em Jesus que é o definidor de nossa posição. Normalmente queremos que todos pensem do mesmo modo, ou pior, que cada um aceite minhas opções pessoais. E, o que é pior, em assuntos tão secundários. Houve muito centralismo pelos séculos afora. O mundo não é mais o mesmo. O Evangelho continua o mesmo, pronto a se implantar em qualquer cultura, como nos ensina o Vaticano II. Pedro e Paulo não eram de fé diferente, mas, fundados na fé em Cristo, souberam implantar o evangelho na herança de Israel e nas nações (prefácio). Por isso os celebramos juntos para mostrar claramente que quem os une é Cristo. A Igreja tem que ter diferenças, fora do que é da fé, para não ficar acorrentada num só modo de pensar, numa só cultura, numa só filosofia, deixando de lado a sabedoria de Deus implantada no mundo pelo seu Espírito.
Aprendendo de Pedro e Paulo 
Que lição nós podemos tirar de tão querida festa, até popular, que mostra o carinho do povo cristão por tão grandes apóstolos. Eles foram fiéis até ao sangue a Cristo. Pedro foi crucificado e Paulo decapitado. Souberam se apoiar em Cristo. Eles têm a certeza de terem o Senhor a seu lado (2Tm 4,17). Foram batalhadores da evangelização não deixando passar o momento de evangelizar. Souberam ouvir o Espírito ao qual sempre acorriam: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15.28). Por estarem sempre unidos ao Espírito sabiam o que Ele dizia. O Espírito ilumina todo aquele que sinceramente busca Cristo e o bem dos irmãos. Com Paulo e Pedro, temos responsabilidade sobre a Igreja em sua missão.

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