Evangelho segundo São Lucas 2,1-14.
Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a Terra.
Este primeiro recenseamento efetuou-se quando Quirino era governador da Síria.
Todos se foram recensear, cada um à sua cidade.
José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David,
a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe.
Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz
e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos.
O Anjo do Senhor aproximou-se deles, e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo.
Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo:
nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura».
Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo:
«Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Gregório de Nissa(335-395)
monge, bispo
Sermão sobre o Natal,passim;PG46,1128
«Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador»
Irmãos, informados do milagre, vamos como Moisés ver esta coisa extraordinária (Ex 3,3): em Maria, o arbusto em chamas não se consome. A Virgem dá ao mundo a Luz mantendo a sua virgindade. [...] Corramos pois a Belém, a cidade da Boa Nova! Se formos verdadeiramente pastores, se permanecermos despertos e em guarda, ouviremos a voz dos anjos que anunciam uma grande alegria: [...] «Glória a Deus nas alturas, porque a paz desceu à Terra!» Onde ontem apenas havia maldição, teatros de guerra e exílio, a Terra recebe hoje a paz, porque «da terra brotará a lealdade, desde o Céu há de olhar a justiça» (Sl 84,12). Eis o fruto que a terra dá aos homens, em recompensa pela boa vontade que reina entre eles (Lc 2,14). Deus une-Se ao homem para elevar o homem às alturas de Deus.
Ao ouvirmos esta novidade, irmãos, partamos para Belém, a fim de contemplarmos [...] o mistério do presépio: uma criança envolta em panos repousa numa manjedoura. Virgem após o parto, a Mãe incorruptível abraça o Filho. Com os pastores, repitamos a palavra do profeta: «Como nos contaram, assim nós vimos na cidade do Senhor dos exércitos» (Sl 47,9).
Mas porque procura o Senhor refúgio nesta gruta de Belém? Porque dorme numa manjedoura? Porque Se sujeita ao recenseamento de Israel? Irmãos, Aquele que traz a libertação ao mundo vem nascer na nossa submissão à morte. Ele nasce nesta gruta para Se mostrar aos homens, que se encontram mergulhados nas trevas e nas sombras da morte. Está deitado numa manjedoura porque é Aquele que faz crescer a erva para o gado (Sl 103,14), porque é o Pão da Vida que alimenta o homem com um alimento espiritual, para que também ele viva pelo Espírito. [...] Haverá festa mais feliz que a de hoje? Cristo, o Sol da Justiça (Mal 3,20), vem iluminar a nossa noite. Aquele que tinha caído torna a levantar-se, aquele que fora vencido é libertado [...], aquele que tinha morrido regressa à vida. [...] Cantemos a uma só voz em toda a Terra: «Por um homem, Adão, veio a morte; por este Homem, vem-nos hoje a salvação» (cf Rom 5,17).
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