sábado, 22 de junho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Vimos Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Nasceu-nos um menino 
O povo de Israel tinha consciência da impossibilidade de ver Deus (Ex 33,20). Ver Deus significava morrer. Que mais existe no mundo depois que se vê a Deus? É o que celebramos no Natal: Deus se manifestou e nós vimos sua face. Deus se manifestou em seu Filho. A festa do Natal celebra o nascimento do Filho de Deus no mundo, como um de nós, desvestido da glória da divindade. A celebração não é como uma comemoração de um aniversário, mas a presença do Mistério Pascal de Cristo em sua manifestação. Participamos do Mistério e recebemos a graça: “Todos que O receberam aos que creram no seu nomedeu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12). “Pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e nós vimos sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( Jo 1,14). Não basta só parar diante do presépio e contemplar a ternura e beleza, mas ir mais adiante, acolher a manifestação de Deus. O Menino que nasce é a manifestação de Deus para que todos creiam e acolham para que tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10). Veio para atrair a todos a seu Amor e sua Vida. Veio gerar comunhão com a Divindade. Devemos ir além da ternura e chegar à graça que é a vida de Deus que nos é comunicada. Não se trata do início de uma nova religião, mas o retorno do homem a sua origem, ao paraíso. É preciso sair dos mitos, dos contos bonitos, e entrar no coração de Deus. Aquele Menino deitado num cocho é o Unigênito Filho do Pai. Por isso os Anjos cantam. É um acontecimento que envolve o Céu e a terra. 
Resgatou-nos da maldade 
A liturgia, ao proclamar o texto de Isaias (Is 9,1-6), manifesta a alegria e a compara com coisas tão humanas como a colheita e a vitória. Acabou o sofrimento do povo durante uma guerra. Resgatou o povo do sofrimento, pois “manifestou-se a graça de Deus trazendo a salvação para todos os homens” (Tt 2,11). A encarnação do Filho de Deus não é uma lenda, mas uma realidade libertadora: “Ele se entregou por nós para nos resgatar de toda a maldade e purificar para Si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem” (Tt 2,14). A redenção, que é expressão do amor de Deus, modifica o homem na sua condição de pecador para que pratique o bem e se restaure o universo. O próprio nome Jesus indica que Deus é salvação, “pois ele salvará seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Pecados não são aquelas coisas que chamamos de moralismo, mas atuará na raiz no mal. A redenção não visa em primeiro lugar o mal, mas, sobretudo a união com a Divindade. Em Cristo a humanidade se uniu à divindade. Essa humanidade é a nossa. Ele a recebeu de Maria, pois o anjo disse a ela: “O Filho que nascer de ti será chamado Filho do Altíssimo”. Jesus tomou a carne de Maria que é de nossa humanidade. Jesus não é só um personagem da história. Ele é a irrupção do Divino no humano. A beleza no Natal não pode afogar Jesus. 
A glória do futuro 
A oração da Eucaristia da noite, chamada missa do galo porque começava com o canto do galo à meia noite, nos ilumina: “Ó Deus, que fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz, concedei que vislumbrando na terra esse mistério, possamos gozar no céu sua plenitude”. A celebração do Natal nos leva a buscar o Céu. Lá é que estão as verdadeiras alegrias. Conhecer e acolher Jesus é entrar em um novo modo de vida. O Natal não é um dia, é uma eternidade. Deus vem a nós e nós vamos a Deus para partilhar da comunhão eterna, já, enquanto peregrinos. Feliz Natal em Jesus.

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