sexta-feira, 28 de junho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Um Deus para todos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Magos homens da comunicação 
A narrativa da visita dos Magos a Jesus sugere muitas interpretações e indagações. O importante é a riqueza do texto que orienta. Não podemos ficar somente narrando uma historinha bonita, sem aprender o ensinamento evangélico dessas pessoas. Podemos ver que são o instrumento de Deus para mostrar a universalidade da salvação. Deus veio para todos e não só para um povo. Chegaram procurando o rei dos judeus, mas voltaram por outro caminho (Mt 2,2.12). Voltaram não para contar sobre o rei dos judeus que acabava de nascer, mas o Senhor de todos que chegara. O sentido de sua visita é a destinação da salvação para todos. Até a tradição diz que cada um deles veio de um continente e ali se encontraram. Significa justamente isso. Os Magos serão os primeiros missionários do Menino de Belém. Aprendemos dessa narrativa a universalidade da missão de Jesus. O povo judeu recebeu uma missão de acolher a revelação de Deus e ser um instrumento maravilhoso para que a verdade chegasse a todos. Apesar das palavras dos profetas, não compreenderam. Os Magos abrem aos povos a boa notícia do nascimento de Jesus. Realizam-se as profecias. Quando os apóstolos começam a pregar o Evangelho, terão encontrado uma terra fértil. Chegada a plenitude dos tempos, diz Paulo, Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher (Gl 4,4). A plenitude refere-se também aos outros povos que Deus preparara para acolher o Evangelho. Eles O amarão sem o terem conhecido (1 Cor 8,3). 
Missão de levar aos outros 
Deus age através de seus mensageiros. Em sua condição Divina, torna-se impossível a comunicação. Essa comunicação Deus a faz através de seus mensageiros. A encarnação de Jesus que veio como Palavra do Pai, deu-nos a oportunidade de ver Deus face a face. Jesus envia seus mensageiros, os apóstolos e os discípulos para anunciarem a Boa Nova – Evangelho. Acolhendo essa comunicação entramos em comunhão com a Trindade. Como o Espírito sopra onde quer (Jo 3,8), aquele que acolhe Jesus, está sempre em movimento de acolhimento e de anúncio. Não guarda para si, mas está em contínua comunicação. Essa força vem da presença do Comunicador do Pai. Quem conhece o Amado, diz, Beata Maria Celeste Crostarosa, tudo faz para que seja conhecido e amado. Para isso não desanima, mesmo que as condições, mesmo físicas, sejam insuficientes. Impressionava muito S. João Paulo II em seu vigor de anunciar, mesmo em estado de saúde precário. A evangelização não nasce de uma decisão pastoral, embora já seja bom, mas de uma decisão de vida: “O meu amado é para mim e eu sou para Ele” (Ct 2,16). É isso que podemos chamar de mística. A mística da evangelização nasce do Amor que foi amado. Sem Jesus comunicador do Pai, a evangelização não acontece. 
Fortaleza na fé 
Todos os tempos são difíceis, dizem todos os tempos. São difíceis, pois há sempre desafio. Aqui entra o papel da fé. Fé não é somente crer em um punhado de verdades, mas ver a vida e o mundo com a verdade de Deus. A palavra fé na escrita cuneiforme da Babilônia é desenhada como uma fortaleza bem defendida. Ela está acima do próprio viver da pessoa que é capaz de dar a vida sustentada por ela. Por ela as pessoas se dedicam ao bem, sem se entregar à moleza do comodismo. Assim são os que se dedicam em levar aos outros o que encontraram, como os Magos. Partiram por outro caminho. Não era mais a busca de um recém nascido, mas o anúncio a todos os povos do Salvador que chegou para todos. Os Magos nos dão ensinam a universalidade da salvação e a missão de anúncio dessa verdade.

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