sábado, 1 de junho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA -“A transformação do amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
(Ao fundo a imagem de nosso estimado Padre Brandão!)
1798. Evolução no amor 
O amor é tão misterioso que sempre tem uma face nova a nos encantar. Pensamos que seremos eternamente jovens com as belezas da juventude e todas as potencialidades. O brilho do sol na beleza da flor a faz ainda mais bela. As gotas da chuva e o sereno da noite são vitais para que a semente, no fruto que veio da flor, produza sementes novas para um amor sempre novo. Vemos tantos casais novos que se separam em tão pouco tempo de casados. A resposta é esta: “O amor acabou”. Se acabou não chegou a ser amor. Depois de tanto tempo de namoro, com uma vida de casados, surgem separações incompreensíveis. Perguntamos: “Não se conheciam?”. Sexo não sustenta um casamento. Só o amor constrói, já cantamos. Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia – Alegria do Amor - finaliza o capitulo IV com uma reflexão sobre as transformações do amor. Lembra que o tempo de casamento é muito mais longo, o que exige uma vivência muito maior que vai além dos aspectos físicos: “Talvez o cônjuge já não esteja apaixonado com um desejo sexual intenso que o atraia para a outra pessoa, mas sente o prazer de lhe pertencer e que esta pessoa lhe pertença, de saber que não está só, de ser um ‘cúmplice’ que conhece tudo da sua vida e de sua história e tudo partilha” (AL 163). É outro modo de amar. “É um querer-se bem mais profundo, com uma decisão do coração que envolve toda a existência” (Id). Amar como Deus ama: amor de acolhimento, amor doação.
1799. Frutos do amor 
“O amor que se promete, supera toda emoção, toda forma de erotismo, sentimento ou estado de ânimo. É um querer-se bem mais profundo, com uma decisão do coração que envolve toda existência... No meio de um conflito não resolvido e, ainda que muitos sentimentos confusos girem dentro do coração, mantém-se viva dia a dia a decisão de amar, de se pertencer, de partilhar a vida inteira e continuar a amar-se e perdoar-se” (AL 163). É preciso saber perder partes para ganhar o todo. Minha mamãe dizia: “De vez em quando é preciso por água benta”. Isto é, saber fazer o que pode melhorar a situação e não tacar lenha na fogueira. Quando um não quer dois não brigam. O amor do casal supera a forma física e passa à beleza do coração. Há algo mais profundo, lembra o Papa Francisco, que é a identidade própria. Foi por ela que se enamorou. Assim podemos entender o amor de idosos, de doentes, de problemáticos. Há algo mais profundo que supera esses “detalhes” da vida. Foi isso que vi em papai e mamãe. Ela na cama e ele sempre ao lado. Sempre. Se percebia que ela estava sozinha, largava os outros e ia para o lado dela. Mesmo não falando nada, ele estava ali. Ela começava a chamar: Zé, Zé, ... A senhora quer o papai? - É. Ela não queria nada. Queria ele, o Zé. Ele lhe pegava na mão. O fruto do amor é amar sempre 
1800. Com amor eterno
Como o matrimônio foi feito por amor, o amor permanece sempre novo, com cara nova, sempre o mesmo. “A nobreza da opção pelo outro, por ser intensa e profunda, desperta uma nova forma de emoção no cumprimento dessa missão conjugal. ‘A emoção provocada por outro ser humano como pessoa... não tende, de per si, para o ato conjugal’”(JPaulo II). O Papa lembra que “adquire outras expressões sensíveis, porque o amor é a única realidade, embora com distintas dimensões” (AL 164). O amor é sempre o mesmo, expresso diferentemente diante de situações diferentes da vida do casal. Será sempre uma busca constante de expressar o amor. Para isso é necessário também o Espírito Santo, pois o amor vem de Deus.

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