sexta-feira, 26 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus, o bom samaritano”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Jesus se apresenta 
Jesus, em sua caminhada para Jerusalém para cumprir o desígnio do Pai, instrui seus discípulos. Acontece que um homem lhe pergunta o que deve fazer para merecer a vida eterna. Jesus pergunta o que diz a Lei? Ele recita o mandamento do amor a Deus e ao próximo. “Respondeste bem”, disse Jesus. O homem pergunta: “E quem é meu próximo?” Jesus então conta a parábola sobre o homem que descia de Jerusalém a Jericó e foi assaltado, ferido e abandonado no caminho. Passam três pessoas. Duas delas são importantes: o sacerdote e o levita. Olham e passam adiante. O sacerdote era quem explicava a lei que proclamava a caridade. O levita era responsável pelo culto. O samaritano era o impuro por sua condição de herético com respeito a Israel. Ele não passou adiante. Parou, sentiu compaixão, tratou do homem. Depois colocou no seu cavalo, levou para uma pensão, cuidou e, na hora de ir adiante, deixou dinheiro para os cuidados e promete volta para completar o necessário. Suas atitudes são as mesmas de Deus para com seu povo. Jesus faz a pergunta: “Quem é o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? “O que usou de misericórdia”, responde o homem. Esse quadro nos alerta para a caridade para com o próximo. Somos o próximo dos necessitados. 
Jesus é o modelo 
Na parábola há um ensinamento fundamental para a vida cristã. Mais que um ensinamento é uma explicação sobre o que vai acontecer em Jerusalém. Dizemos parábola do bom samaritano. O bom samaritano é o que se faz próximo de cada pessoa. Jesus é o Bom Samaritano. Os gestos desse homem explicitam as atitudes de Jesus em seu caminho de redenção. Desceu do Céu, se encarnou, sentiu compaixão da humanidade caída e ferida sem solução, tomou-nos nos seus braços e carregando a cruz nos redimiu para a vida. Ele se fez o próximo de todos nós assumindo nossas dores. Por suas chagas fomos curados (1Pd 2,24). Seu ministério de ensinamento e culto não se identificam com o sacerdote e o levita que passam ao lado. Toda a Palavra conduz para o amor. O culto só será autêntico se for acompanhado da caridade, como lemos também nos profetas. Ao encerrar a parábola Jesus pergunta quem é o próximo do homem que fora ferido. O mestre da lei responde: “Aquele que usou de misericórdia para com ele” (Lc 10,37). Jesus não responde à pergunta quem é meu próximo, mas afirma que eu sou o próximo de cada pessoa que sofre. Ele se fez o próximo de todos nós, assumiu sobre si nossa realidade pecadora. 
Vai e faze a mesma coisa (Lc 10,38). 
A compreensão da parábola está nestas palavras de Jesus: “Vai e faze o mesmo”. Para isso é preciso ter entranhas de misericórdia. É muito mais fácil fazer uma religião de fachada usando o culto, a palavra vazia de vida. O homem que quis provocar Jesus era um mestre da lei. Conhecia a Palavra de Deus. A religião verdadeira é cuidar dos órfãos e das viúvas em suas necessidades (Tg 1,27). Continuamos vendo a busca do prazer espiritual que nunca sacia. Essa lei do amor não está distante de nós como algo impossível e reservado a poucos. Rerá descer de nossas falsas seguranças e pegar o caminho de Jesus sua entrega total. Paulo nos mostra que esse Jesus Cristo que se abaixa é Deus, cabeça de tudo. Assumiu humanidade para reconciliar consigo todos os seres (Cl 1,20). Não se pode perder de vista que somos bons não pelo cargo que ocupamos nem pela sabedoria que temos, mas porque temos a capacidade de sermos próximos de todos. Isso vai nos dar a paz.

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