terça-feira, 23 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “A festa do povo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
1747 – Gente de Deus e do povo 
No mês de junho e julho temos as festas populares que foram trazidas pelos colonizadores e assumidas com gosto pelas populações. São festas que honram três santos queridos do povo: Antônio, João Batista e Pedro. Estas festas são propícias para aumentar a vida da comunidade. Isso nos traz uma reflexão oportuna sobre a piedade popular, as devoções e ritos do povo. Há os que condenam por seu aspecto folclórico. Outros por um falso intelectualismo. Outros condenam por uma indevida interpretação da Palavra e por um biblismo fundamentalista. Junto a essas festas devemos colocar o modo de viver a fé no meio popular. Por que existe devoção popular? Com a dificuldade de entender a linguagem litúrgica e sem a devida formação, o povo procurou um modo mais compreensível de viver a fé, salientando a devoção aos santos, a Maria e aos mistérios de Jesus em sua dimensão humana. Surgiram muitas devoções e algumas foram infectadas de superstições. Esse modo de ser contribuiu para manter viva a fé do povo (Documento de Aparecida – 37.43). Papa Bento XVI chama a religiosidade popular de “rico tesouro da Igreja católica na América Latina” e convidou a promovê-la e protegê-la. E também “dar a catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular (DA 300). Não podemos desprezar a fé do povo pois ela também vem de Deus. O modo de expressar pode ser purificado, mas não anulado. Algumas coisas devem ser revistas, como por exemplo, uma promessa que é atrapalhada. A pessoa fica doente e não pode fazer o que prometeu. E daí?
1748 – O santo é gente como nós 
O culto aos santos se distingue do culto a Deus. A Deus adoramos. À Virgem Maria temos um culto de hiperdulia, isto é, grande veneração. Aos Anjos e Santos temos a veneração, reconhecendo suas virtudes e pedindo intercessão. Jesus é o único mediador, Maria e os santos são intercessores na mediação suplicante. Os santos são pessoas normais como nós que viveram em profundidade sua fé e foram reconhecidos em vida e operam milagres por sua intercessão. Por que não ir direto a Deus? Já na sociedade usamos mediadores e intercessores, pessoas que nos ajudam. Como todos nós, vivos e mortos estamos unidos ao Corpo de Cristo. Como um corpo tem todos os membros unidos e vivem uma única vida. S. Paulo explica a união de todos em Cristo a partir da imagem do corpo. Assim também acontece com Cristo diz S. Paulo. “Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte” (1Cor 12,12.27). Como os membros estão unidos e se ajudam, podemos receber ajuda uns dos outros, também na oração, pois rezamos uns pelos outros. Os santos nos ajudam e nós rezamos a eles unidos a Cristo. Os santos continuam gente como nós no estado de glorificação. Somos um corpo, uma família, uma Igreja. 
1749 - Com os anjos e santos 
Na festa do povo reconhecemos a presença de Deus que une seus filhos num único amor alimentados pela fé. Essa união se faz pelo amor que se vive. A Igreja de Deus foi sempre aberta. Participamos da glória dos santos e dos anjos quando estamos unidos pela fé em Cristo. A evangelização não é cortar o que existe, tirando a pessoa de sua cultura e da realidade. Convém anunciar o evangelho puro. Esse evangelho deve salientar Cristo Salvador de todo homem, misericordioso com os fracos e pobres. Ele reconhece os seus quando praticam o amor e o cuidado com os necessitados. Não tenho uma vida santa, se não cumpro o mandamento do amor. Preservar a piedade popular é aumentar a fé do povo.

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