segunda-feira, 29 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Encontro com Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Sabia ser amigo 
Os evangelhos sempre nos apresentam Jesus ensinando com sua própria vida. É um caleidoscópio que sempre oferece uma face nova. A temática apresentada hoje é a hospitalidade e seus frutos. Lemos a misteriosa narrativa da visita dos três personagens a Abraão. Este os recebe com todas as honras orientais devidas a um hóspede. A hospitalidade tem o sentido de uma visita Divina. O texto é de difícil de interpretação. Na liturgia deste domingo é usado aqui para acompanhar o texto da visita de Jesus à casa de Marta e Maria. Esta visita, já costumeira, se reveste de um ensinamento profundo: acolher Jesus em sua vida está acima de todas as preocupações. É o convite a ir ao único necessário que não nos será tirado. Não se trata de um desleixar-se das coisas necessárias à vida, mas de dar-lhes o sentido de abertura ao encontro com Deus. Abraão realizou um intenso cerimonial de acolhida para colocar em ação a presença de Deus que o animava. Sair de si para acolher é já um anúncio da presença de Deus em nós. É o que ocorre com Marta e Maria. Maria acolhe Jesus e Marta O acolhe também, mas através de coisas que desviam do sentido de sua visita: estar com Ele. Abraão “permanece de pé junto deles debaixo da árvore enquanto comiam” (Gn 18,8). Ao terminarem o encontro, um deles deixa a promessa de um filho a Sara que ri por isso quando Isaac nasce, Sara diz: “Deu me deu motivo de sorrir” (Gn 2,16). Ela já passara da idade de ter filhos. À Marta Jesus diz: “Marta, você vive muito atarefada com as coisas. Uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10,41-42). O fruto mais precioso é estar com Jesus ouvindo sua palavra e participando de sua convivência. Isso é vitalidade. 
Quem morará em vossa casa
O que significa habitar a casa de Deus como rezamos no salmo? A morada Divina não é algo exterior, mas viver na presença de Deus que habita nosso coração. O sinal da presença de Deus, isto é, “morar em sua casa”, é viver as condições propostas pelo salmo 14. Estas se referem ao respeito ao outro na justiça, na verdade, no respeito sem exploração. Fruto dessa habitação: acolher Deus gera uma descendência de vitalidade. Os frutos de Deus são perenes. Isaac é o filho da promessa, como uma recompensa da hospitalidade de Abraão. Essa promessa culminará no Filho da promessa que é Jesus do qual Isaac é uma imagem. Jesus sendo acolhido por Maria e Marta continua na missão de ser o Hospede que chamamos de Hóspede de nossa alma. Aqui somos convocados a dar espaço a uma escuta privilegiada de Jesus. Esses momentos de intimidade com o Senhor vão além e permanecem como um lugar onde podemos nos refugiar nos momentos quentes da vida, como ocorreu com os três homens. 
Corpo sofredor
Cristo Jesus exerce a hospitalidade para conosco, unindo-nos a seu corpo. No Corpo de Cristo não participamos somente das riquezas de Cristo e dos membros. Estamos unidos também a seus sofrimentos. Paulo se alegra pelo que sofreu por Cristo para completar em sua carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com seu corpo, isto é, a Igreja (Cl 1,214). Cristo exerce uma hospitalidade de nos acolher em seu Corpo, a Igreja. Exercemos a hospitalidade quando acolhemos aos sofrimentos dos outros participando deles. O sofrimento é momento do encontro amoroso com Deus em Cristo. Nossa união a Cristo cobra de nossa parte esse “sofrimento” de serenar nosso coração.

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