Mateus, no discurso das
parábolas, oferece uma visão sobre o Reino de Deus. Não dá uma definição, mas o
descreve. É difícil entender a recusa ao Reino de Deus. Não que seja impossível
compreender. O que existe é o coração fechado. Jesus usa as palavras de Isaias
para justificar seu modo de falar em parábolas. No livro do Deuteronômio
(29,3.8) encontramos uma explicação: “até o dia de hoje o Senhor não vos tinha
dado um coração para compreender, olhos para ver e ouvidos para ouvir”…
“Observai as palavras desta Aliança e colocai-as em prática para serdes bem
sucedidos em tudo quanto fizerdes”. Sem a observância da aliança não há
entendimento do que Deus fez ao povo. Por que ouvido, olhos e coração? Trata-se
da totalidade da pessoa. A semente só vai produzir fruto em abundância se
houver acolhimento total: razão (olhos), físico (ouvido) e sentimentos
(coração). O Reino de Deus respeita a opção de cada um e sua condição. Por isso
há possibilidade de recusa. Como em todas as parábolas, usa comparações ao
alcance das pessoas. Coisas da vida do dia a dia. A sabedoria é dizer em
palavras simples o que podemos falar de modo difícil. O Papa Francisco fala
profundo com palavras simples. Quando acolhemos o Reino de Deus damos frutos em
abundância. Não exige igualdade de produção, mas que haja frutos. A qualidade
da terra não significa que há gente que não vai conseguir nada. Tudo depende da
abertura do coração. A terra ruim é o desinteresse total para tudo o que é de
Deus (terra à beira do caminho); a falta de busca do bem, superficialidade, as
veleidades, a falta de interesse, de princípios e de perseverança (terreno
pedregoso); a busca do prazer, dos vícios, o orgulho, o consumismo, vaidade etc
(terra de espinhos); A terra boa é aquele que ouve a Palavra e a compreende.
Esse dá fruto.
A Palavra dá resultados
O coração aberto à Palavra
frutifica de muitos modos. O salmo 64 é a visão espiritual ao contemplar a
natureza. Por esse salmo podemos compreender que a espiritualidade não é
somente amontoar rezas, mas também contemplar a natureza com os olhos de quem a
criou. É também fruto da Palavra. No final diz: “E tudo canta e grita de
alegria!”. A vitalidade da Palavra dá vida ao Universo. Ouvimos na carta aos
Romanos: Também a natureza sofre as conseqüências do pecado do homem, mas
participará da liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8,18-21). Os
resultados da Palavra são eficientes como eficiente é a chuva, como nos escreve
o profeta Isaías. A chuva desce do céu e não volta antes de ter cumprido sua
missão que é irrigar, fecundar a terra, fazer germinar, dar a semente para o
plantio e para a alimentação. A semente é para continuar produzindo através da
nova semeadura. E é alimento para dar vida. Do mesmo modo é a Palavra que
realiza a vontade de Deus e produz os efeitos, como a chuva: irriga, fecunda,
faz germinar, continua a semeadura e dá alimento.
Cristão de fato
São Inácio de Antioquia escreve em sua
carta aos romanos: “Que eu não só seja chamado de cristão, mas reconhecido como
tal”. Estamos aqui para decidir acolher e viver o Reino de Deus produzindo
frutos. A pregação de Jesus convida à conversão para que a semente do Reino de
Deus possa produzir frutos abundantes. A implantação do Reino de Deus passa por
muitas etapas como podemos ver nas outras parábolas. Ele é o tesouro pelo qual
se deve dar tudo para possuí-lo. Tudo feito na mais pura alegria.
Não dê bobeira
Lemos a parábola do
semeador. Ele joga a semente que cai em terrenos diferentes. Jesus explica o que significa ouvir a Palavra
sem atenção, sem persistência, com outras preocupações e com o coração aberto.
Este é a terra boa que produz fruto. Vejamos a terra que somos. Depois não
vamos reclamar!
A força da Palavra é como
a chuva. Ela cumpre sua missão. Agora é a vez de fazermos nossa parte para que
venham os frutos.
Uma terra boa precisa ser
cuidada para que produza sempre mais frutos. Isso traz algum sofrimento. O sofrimento não tem nem comparação com a
riqueza dos frutos que virão, nesta e na outra vida. Vivendo bem a Palavra, até
a natureza vai ser libertada dos sofrimentos que lhe causamos pelos nossos
pecados que a danificam.
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