sexta-feira, 6 de julho de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “O semeador saiu a semear”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Compreender em totalidade
Mateus, no discurso das parábolas, oferece uma visão sobre o Reino de Deus. Não dá uma definição, mas o descreve. É difícil entender a recusa ao Reino de Deus. Não que seja impossível compreender. O que existe é o coração fechado. Jesus usa as palavras de Isaias para justificar seu modo de falar em parábolas. No livro do Deuteronômio (29,3.8) encontramos uma explicação: “até o dia de hoje o Senhor não vos tinha dado um coração para compreender, olhos para ver e ouvidos para ouvir”… “Observai as palavras desta Aliança e colocai-as em prática para serdes bem sucedidos em tudo quanto fizerdes”. Sem a observância da aliança não há entendimento do que Deus fez ao povo. Por que ouvido, olhos e coração? Trata-se da totalidade da pessoa. A semente só vai produzir fruto em abundância se houver acolhimento total: razão (olhos), físico (ouvido) e sentimentos (coração). O Reino de Deus respeita a opção de cada um e sua condição. Por isso há possibilidade de recusa. Como em todas as parábolas, usa comparações ao alcance das pessoas. Coisas da vida do dia a dia. A sabedoria é dizer em palavras simples o que podemos falar de modo difícil. O Papa Francisco fala profundo com palavras simples. Quando acolhemos o Reino de Deus damos frutos em abundância. Não exige igualdade de produção, mas que haja frutos. A qualidade da terra não significa que há gente que não vai conseguir nada. Tudo depende da abertura do coração. A terra ruim é o desinteresse total para tudo o que é de Deus (terra à beira do caminho); a falta de busca do bem, superficialidade, as veleidades, a falta de interesse, de princípios e de perseverança (terreno pedregoso); a busca do prazer, dos vícios, o orgulho, o consumismo, vaidade etc (terra de espinhos); A terra boa é aquele que ouve a Palavra e a compreende. Esse dá fruto.
A Palavra dá resultados
               O coração aberto à Palavra frutifica de muitos modos. O salmo 64 é a visão espiritual ao contemplar a natureza. Por esse salmo podemos compreender que a espiritualidade não é somente amontoar rezas, mas também contemplar a natureza com os olhos de quem a criou. É também fruto da Palavra. No final diz: “E tudo canta e grita de alegria!”. A vitalidade da Palavra dá vida ao Universo. Ouvimos na carta aos Romanos: Também a natureza sofre as conseqüências do pecado do homem, mas participará da liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8,18-21). Os resultados da Palavra são eficientes como eficiente é a chuva, como nos escreve o profeta Isaías. A chuva desce do céu e não volta antes de ter cumprido sua missão que é irrigar, fecundar a terra, fazer germinar, dar a semente para o plantio e para a alimentação. A semente é para continuar produzindo através da nova semeadura. E é alimento para dar vida. Do mesmo modo é a Palavra que realiza a vontade de Deus e produz os efeitos, como a chuva: irriga, fecunda, faz germinar, continua a semeadura e dá alimento.
Cristão de fato
               São Inácio de Antioquia escreve em sua carta aos romanos: “Que eu não só seja chamado de cristão, mas reconhecido como tal”. Estamos aqui para decidir acolher e viver o Reino de Deus produzindo frutos. A pregação de Jesus convida à conversão para que a semente do Reino de Deus possa produzir frutos abundantes. A implantação do Reino de Deus passa por muitas etapas como podemos ver nas outras parábolas. Ele é o tesouro pelo qual se deve dar tudo para possuí-lo. Tudo feito na mais pura alegria.
Não dê bobeira
Lemos a parábola do semeador. Ele joga a semente que cai em terrenos diferentes.  Jesus explica o que significa ouvir a Palavra sem atenção, sem persistência, com outras preocupações e com o coração aberto. Este é a terra boa que produz fruto. Vejamos a terra que somos. Depois não vamos reclamar!
A força da Palavra é como a chuva. Ela cumpre sua missão. Agora é a vez de fazermos nossa parte para que venham os frutos.
Uma terra boa precisa ser cuidada para que produza sempre mais frutos. Isso traz algum sofrimento.  O sofrimento não tem nem comparação com a riqueza dos frutos que virão, nesta e na outra vida. Vivendo bem a Palavra, até a natureza vai ser libertada dos sofrimentos que lhe causamos pelos nossos pecados que a danificam.

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