PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
Duas Oliveiras
Plantadas na
casa do Senhor
No
livro do Apocalipse encontramos a figura de duas testemunhas a quem chama de as
duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor. Elas serão
perseguidas e terão seus cadáveres expostos, mas depois receberão o hálito de
vida (Ap 11,3-11). Podemos ler nessas duas magníficas
figuras, os apóstolos Pedro e Paulo. Anunciarão o Evangelho, mas também serão
perseguidos e mortos. Contudo, permanecem vivos como mestres permanentes do
povo de Deus. Paulo e Pedro são duas figuras diferentes como formação. Pedro,
humilde pescador. Paulo doutor formado. Ambos zelosos pela fé judaica e convertidos
ardentes ao Evangelho de Jesus. Jesus é o sentido de suas vidas. A Igreja, em
seus primeiros momentos, viveu situações difíceis às quais deviam dar respostas
que não estavam escritas nas “leis” que não existiam ainda. Tiveram que
resolver na fé em Jesus e em seu modo de crer. Pedro, mesmo sendo muito aberto
às novidades que surgiam, ainda era apegado às tradições. Paulo, mesmo sendo
muito fiel, pelo contato com os povos pagãos e depois de ver o efeito da graça
do Evangelho entre os pagãos, soube discernir a missão do povo hebreu aberta a
todos os povos. Com isso houve, inclusive choques, entre Pedro e Paulo. Mas
venceu o bom senso e a abertura ao Espírito Santo. Tivemos assim dois modos de
ser cristão: Cristãos que continuavam seguindo a lei judaica, e cristãos que não
a seguiam, por serem provenientes do paganismo. Paulo não aceitava que se
impusesse a lei judaica aos pagãos. Ele era um judeu fiel, mas vivendo a
liberdade em Cristo.
A Igreja proveniente do judaísmo não
teve longa duração. A Igreja proveniente dos gentios se desenvolveu e chegou
até nós. Todos nos baseamos na fé proclamada por Pedro: “Tú és o Messias o
Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). E temos a
mesma fé que Paulo também professou: “Guardei a fé” (2Tm
4,7).
Vivemos atualmente na igreja duas tendências. Cada uma se coloca como a única
opção. A única opção é a fé em Jesus que é o definidor de nossa posição.
Normalmente queremos que todos pensem do mesmo modo, ou pior, que cada um
aceite minhas opções pessoais. E, o que é pior, em assuntos tão secundários.
Houve muito centralismo pelos séculos afora. O mundo não é mais o mesmo. O
Evangelho continua o mesmo, pronto a se implantar em qualquer cultura, como nos
ensina o Vaticano II. Pedro e Paulo não eram de fé diferente, mas, fundados na
fé em Cristo, souberam implantar o evangelho na herança de Israel e nas nações (prefácio). Por isso os
celebramos juntos para mostrar claramente que quem os une é Cristo. A Igreja
tem que ter diferenças, fora do que é da fé, para não ficar acorrentada num só
modo de pensar, numa só cultura, numa só filosofia, deixando de lado a
sabedoria de Deus implantada no mundo pelo seu Espírito.
Aprendendo de
Pedro e Paulo
Que lição nós
podemos tirar de tão querida festa, até popular, que mostra o carinho do povo
cristão por tão grandes apóstolos. Eles foram fiéis até ao sangue a Cristo.
Pedro foi crucificado e Paulo decapitado. Souberam se apoiar em Cristo. Eles
têm a certeza de terem o Senhor a seu lado (2Tm 4,17). Foram
batalhadores da evangelização não deixando passar o momento de evangelizar.
Souberam ouvir o Espírito ao qual sempre acorriam: “Pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós...” (At 15.28). Por estarem sempre unidos ao
Espírito sabiam o que Ele dizia. O Espírito ilumina todo aquele que
sinceramente busca Cristo e o bem dos irmãos. Com Paulo e Pedro, temos
responsabilidade sobre a Igreja em sua missão.
Leituras: Atos dos Apóstolos
12,1-11; Salmo 33; 2 Timóteo 4,6-8.17-18; Mateus 16,13,-19
1. Pedro e
Paulo, homens diferentes, mas unidos no Espírito Santo.
2. A Igreja soube crescer na
diversidade.
3. Na Igreja devemos ter abertura ao
novo e ao diferente.
Bons
de briga
Celebrando os
dois apóstolos, celebramos o povo de Deus que os venera e acolhe, mesmo sem
conhecer suas vidas e realidade. O povo sabe alguns fatos mais ou menos cômicos
de Pedro que se tornaram piada. Pedro é mais conhecido, pois é uma figura mais
próxima do povo. Homem simples, trabalhador... não é diferente. Paulo, por
outro lado é conhecido só porque caiu do cavalo, o que na verdade não
aconteceu. Pedro é conhecido pelos fatos, e Paulo muito reconhecido, pelos que
estudam, por suas cartas.
Eram diferentes e tinham opiniões
diferentes em pontos que, para a comunidade,eram centrais. Mas souberam buscar
a orientação do Espírito Santo. Para chegar a isso, imaginemos quanto não
tiveram que estar abertos. Só estamos abertos a Deus quando nos abrimos aos
outros e temos a liberdade de ver o diferente.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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