Falar em missão é quase um assunto que se refere
aos outros que vão para fora do país, ou outras regiões. Temos uma idéia de que
missionários são sempre os outros. Há também a missão popular e outros tipos
mais. Tudo o que se faz tem nome de missão. Mas a missão é função de cada um.
Nisso são muito práticas as pessoas mais simples. São bem capazes de tirar da
vida a palavra certa para orientar. O primeiro anúncio é ser como Jesus que se
fez carne para habitar entre nós. É da vida que sai o testemunho. Vivendo bem
mostram o caminho do Reino de Deus. Mais bonito é quando dizem com suas
palavras simples e bem práticas a Palavra de Deus. O primeiro testemunho é a
vida. “Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vendo vossas obras,
glorifiquem o Pai que está nos Céus” (Mt 5,16). Aqui entra a característica católica da
evangelização. A missão primeira é a caridade. É ela nossa melhor maneira de
pregar o Evangelho. Não podemos só usar palavras e discursos. Jesus pregou mais
por sua caridade para com os necessitados do que por suas palavras. Seu gesto
de socorrer os humildes de tantos modos foi o que ficou. As palavras foram
compostas pelos apóstolos. Os milagres falavam por si. O maior milagre é sair
de si e ir ao encontro do outro. Essa palavra é compreendida e levada a efeito.
Não importa que consigamos convencer com as palavras. O amor é o que mais
convence. Todos são missionários a partir do Batismo. Quem não comunica é
porque não compreendeu a fé. A desatenção para com a vida apostólica
missionária de cada um é culpa de se pensar que só os padres e freiras são
responsáveis pelas realização da missão. Estes também desvalorizaram o leigo e não
abriram espaço.
1964. Formação da comunidade
O último desejo de Jesus não foi
que levassem em frente sua obra e garantissem seu futuro. Ele foi muito claro: “Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que
por sua palavra hão de crer em Mim para que todos sejam um como Tu estás
em mim e eu em Ti. Que eles também estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu
Me enviaste” (Jo 17,20-21). O maior
testemunho e a maior garantia da Igreja é a unidade. Pela unidade podemos
realizar o mandamento de Jesus, o amor. Não que estejamos repetindo essa frase
porque é bonito. Mas é a única razão de estarmos juntos. A finalidade da
unidade não segue o modelo de empresa. É a constituição original de toda fé
cristã. Ela não é individual, mas nos põe em comunhão com todos do Corpo Místico
de Cristo. A fé nos põe em comunhão com todos. Esta comunhão é o amor que se
difunde. Não há minha fé e minha religião. Somos todos co-responsáveis uns pelos
outros. E responsáveis em anunciar.
1965. Criatividade
No correr da história do
cristianismo vemos uma quantidade imensa de modalidades de levar adiante o
Evangelho de Jesus. Há um exemplo muito bonito realizado por dois irmãos:
Cirilo e Metódio, nascidos na metade do século IX, evangelizaram os eslavos
(russos e outros povos). Chegaram a criar um alfabeto próprio que se usa na
Rússia e outros povos eslavos. Adaptaram a liturgia à cultura desses povos.
Santo Anchieta usou o teatro para evangelizar os índios. Infelizmente a inculturação
não agrada muitos setores da Igreja. Não podemos pensar só na palavra. Há
outros meios, como temos agora nos muitos novos modos de comunicação. Temos que
entrar por aí para poder corresponder ao mandamento de evangelizar. Como seria
Jesus no tempo atual? Certo é que privilegiava mais o contato pessoal. É o mais
importante. Falar com um só não é perder tempo.
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