segunda-feira, 13 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - Ser Missionário

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1963. Testemunho da caridade
Falar em missão é quase um assunto que se refere aos outros que vão para fora do país, ou outras regiões. Temos uma idéia de que missionários são sempre os outros. Há também a missão popular e outros tipos mais. Tudo o que se faz tem nome de missão. Mas a missão é função de cada um. Nisso são muito práticas as pessoas mais simples. São bem capazes de tirar da vida a palavra certa para orientar. O primeiro anúncio é ser como Jesus que se fez carne para habitar entre nós. É da vida que sai o testemunho. Vivendo bem mostram o caminho do Reino de Deus. Mais bonito é quando dizem com suas palavras simples e bem práticas a Palavra de Deus. O primeiro testemunho é a vida. “Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vendo vossas obras, glorifiquem o Pai que está nos Céus” (Mt 5,16). Aqui entra a característica católica da evangelização. A missão primeira é a caridade. É ela nossa melhor maneira de pregar o Evangelho. Não podemos só usar palavras e discursos. Jesus pregou mais por sua caridade para com os necessitados do que por suas palavras. Seu gesto de socorrer os humildes de tantos modos foi o que ficou. As palavras foram compostas pelos apóstolos. Os milagres falavam por si. O maior milagre é sair de si e ir ao encontro do outro. Essa palavra é compreendida e levada a efeito. Não importa que consigamos convencer com as palavras. O amor é o que mais convence. Todos são missionários a partir do Batismo. Quem não comunica é porque não compreendeu a fé. A desatenção para com a vida apostólica missionária de cada um é culpa de se pensar que só os padres e freiras são responsáveis pelas realização da missão. Estes também desvalorizaram o leigo e não abriram espaço.
1964. Formação da comunidade
              O último desejo de Jesus não foi que levassem em frente sua obra e garantissem seu futuro. Ele foi muito claro: “Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em Mim para que todos sejam um como Tu estás em mim e eu em Ti. Que eles também estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17,20-21). O maior testemunho e a maior garantia da Igreja é a unidade. Pela unidade podemos realizar o mandamento de Jesus, o amor. Não que estejamos repetindo essa frase porque é bonito. Mas é a única razão de estarmos juntos. A finalidade da unidade não segue o modelo de empresa. É a constituição original de toda fé cristã. Ela não é individual, mas nos põe em comunhão com todos do Corpo Místico de Cristo. A fé nos põe em comunhão com todos. Esta comunhão é o amor que se difunde. Não há minha fé e minha religião. Somos todos co-responsáveis uns pelos outros. E responsáveis em anunciar.
1965. Criatividade
            No correr da história do cristianismo vemos uma quantidade imensa de modalidades de levar adiante o Evangelho de Jesus. Há um exemplo muito bonito realizado por dois irmãos: Cirilo e Metódio, nascidos na metade do século IX, evangelizaram os eslavos (russos e outros povos). Chegaram a criar um alfabeto próprio que se usa na Rússia e outros povos eslavos. Adaptaram a liturgia à cultura desses povos. Santo Anchieta usou o teatro para evangelizar os índios. Infelizmente a inculturação não agrada muitos setores da Igreja. Não podemos pensar só na palavra. Há outros meios, como temos agora nos muitos novos modos de comunicação. Temos que entrar por aí para poder corresponder ao mandamento de evangelizar. Como seria Jesus no tempo atual? Certo é que privilegiava mais o contato pessoal. É o mais importante. Falar com um só não é perder tempo.

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