quarta-feira, 15 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Justiça é misericórdia”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Vossa libertação está próxima
               O evangelho proclamado no início do Ano Litúrgico é o anúncio da realização do projeto de Deus. Ele vem de repente com sinais terríveis. Quando isso acontecer Ele virá sobre as nuvens. Vir sobre as nuvens significa seu Poder Divino e sua imensa Glória. Vem revestido do poder de salvação. Na Ascensão os discípulos ficaram olhando para o alto. Os Anjos lhes disseram: “Ele virá do mesmo modo que O vistes subir para o Céu” (At 1,11). No discurso sobre o Pão da Vida Jesus predisse aos que se escandalizaram de suas palavras: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subir onde estava antes?” (Jo 6,62). Sua vinda gloriosa é apavorante, mas é confortante porque abre a todos o Reino definitivo. Os sinais apavorantes são expressão da pequenez do ser humano e da grandiosidade divina do Senhor. É o que se diz sobre o relacionamento com a divindade que, se por um lado é tremenda e leva ao temor reverente, por outro é fascinante. Se ficarmos somente nos sinais, não entenderemos a mensagem. Advento é tempo de esperança de tempos novos, como nos diz Jeremias. Deus está sempre pronto a nos salvar. Ser Juiz do mundo não significa que vem para condenar, mas para libertar das últimas amarras humanas para entrarmos no Reino glorioso preparado pelo Pai antes de todos os séculos como nos diz Jesus no discurso sobre o juízo final (Mt 25,34). O que podemos fazer para superar todas as ameaças de desgraças? Basta crer na misericórdia de Deus, como lemos em Jeremias. Deus salvou seu povo. O Senhor é nossa justiça, diz o profeta (Jr 33,16). A justiça de Deus é sua misericórdia, pois justiça não é condenação, pois Ele é fiel a sua palavra.
Não os tire do mundo
               A linguagem apocalíptica é frágil diante da força do coração. O texto do evangelho previne quanto aos riscos que podemos correr em nos deixar invadir pelo espírito do mundo: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguês e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lc 21,34). O momento atual se reveste muito destas más qualidades. Por isso, tudo o que se refere a Deus é terrificante. A insensibilidade faz mal ao coração. As coisas terrenas não podem nos adormecer. Elas são benditas enquanto caminho para o Criador e Senhor de todas as coisas. Lucas nos dá o remédio: orar a todo o momento para ter força para escapar de tudo que deve acontecer e para ficar em pé diante do Filho do homem (Lc 21,36). Não se trata de ficar em oração, mas ter um coração orante. Ficar de pé significa estar diante do Senhor. Não devemos fugir da verdade abafando-a com os vícios da comida e da bebida que endurecem o coração. Não devemos fugir dos males, mas vencê-los.
Transborde o amor
              Rezamos: “A Eucaristia nos ajude a amar desde agora o que é do Céu e, caminhando entre as coisas que passam abraçar as que não passam (Pós comunhão).  Escrevendo à comunidade de Tessalônica, Paulo insiste no crescimento do amor: “O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais... Que sua vida faça sempre maiores progressos” (1Ts 3,12.4,1). O amor fraterno liberta dos males que possam advir. Na perspectiva do Fim, a vida do cristão não vive de medo, mas da esperança de ir ao encontro do Senhor. Viver na esperança é viver na caridade. A celebração está voltada para o Mistério da Vinda do Senhor. E dizemos: Vem,Senhor!

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