segunda-feira, 6 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Como ser um santo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1960. Santidade, coisa de gente
            Quando se fala em santo, já se tem a idéia fixa naqueles que conhecemos pelas igrejas, pela nossa devoção e pelas histórias que sabemos. Santos eram os antigos. Dizemos: “Quem pode ser chamado de santo nesse mundo atual, tão pervertido?” Cada época diz que vivemos tempos difíceis. Se todos são difíceis é porque são normais. Não quero falar dos santos de carteirinha, mas dos santos que se fazem no dia a dia, mesmo fora dos quadros de nossas “Igrejas”.  O santo do altar foi santo da rua, da família, do trabalho, da vida do povo. Depois é que viram que era. É certo que no fundo há uma opção que não dispensa nossos defeitos e pecados. Santo não é ser impecável. Defeitos não prejudicam. Deus não conta quantas batalhas ganhamos, mas quantas vezes levantamos depois das derrotas. Aceitar a própria realidade já é uma santidade. Então, o santo que buscamos está na rua. Papa Francisco diz sobre essa santidade que se constrói no cotidiano. Desses santos temos muitos. Quanto pai de família, mãe, operário, gente simples e até gente mais preparada que vive intensamente o amor pelos outros, metidos no trabalho sofrido para sustentar a família e ainda tem tempo de ser feliz, de participar e se doar. Não desprezamos os modelos antigos. Pelo contrário, veneramos. Eles eram gente do povo. Depois que morreram é que as pessoas os descobriram. Com o passar do tempo sua vida resplandeceu em Deus. Eles se consideravam frágeis e pecadores e eram. Por que? Porque estavam sempre perto de Deus. Perto da luz, vemos melhor nossa realidade.
1961.Fascínio que surpreende
            O que faz uma pessoa buscar esse modo de vida que a faz diferente, sendo semelhante a todos? Nem sempre sabem explicar, mas é o fascínio pelo bem, pelas coisas boas, pela vida, pelo bem dos outros, pela Palavra e no fundo, fascínio por Deus que os surpreende de modo silencioso. O que faz uma mãe se dedicar tanto aos filhos, o pai ao trabalho, o professor aos alunos, o povo em geral pela vida correta? Nada justifica fazer o bem sem ter essa base que é o Bem Superior, o que chamamos de Deus, de Jesus, de Pai. Mesmo que não tenham esses nomes. O que vale é o que está no coração. E Deus conhece os corações e não põe regras inúteis. Jesus mesmo não impôs nada. Basta seguir seu caminho. Mandamentos? Ensinou o seu: “Que vos ameis uns aos outros”. Nisso resume tudo. Nós é que fazemos tantas regras, coisas exteriores sem o interior do coração. Cuidado com o que se inventa. Há coisas que acabam ficando mais importantes que o Evangelho
1962. Vida que se reparte.
            A vida tão normal das pessoas tem algo de diferente que as marca no mundo: saem de si para viverem para os outros. O egoísmo é o maior ídolo que temos. E tem uma força muito grande de criar uma religião inútil e vazia. O fascínio por Deus está intimamente ligado ao fascínio pelo outro, que chamamos irmão. Quem descobre o Deus de Jesus, descobre o querido de Deus. Quem se dedica aos abandonados, está se dedicando a Deus, mesmo que nem fale seu nome. Aliás, o nome de Deus é impronunciável, pois só entende o amor. A religião que não se dedica ao próximo, como natureza pastoral direta e permanente, é obra do mal. Nega o Evangelho. Vemos o texto do juízo final no evangelho de Mateus (Mt 25,31-46). O inquérito vai ser feito sobre o que fizemos ao próximo. Essas questões se referem aos grandes problemas do mundo: fome, sede, doença, migração, prisão e vestimenta. Esse é o modo necessário para a santidade e salvação. Quanto mais santos formos, melhor será o mundo. 

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