quarta-feira, 2 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - Dai-lhes, o descanso eterno”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Lembrai-vos de mim no altar
Santo Agostinho narra os últimos momentos de sua bem-aventurada mãe, Santa Mônica. Numa simplicidade muito grande diante da morte, vendo a dor dos filhos, pediu: “Lembrai-vos de mim no altar de Deus”. Naquele momento Agostinho relatava o cotidiano da vida. Estas palavras de sua mãe no momento da morte são uma prova de que a Igreja, desde os primórdios, rezava pelos mortos. Era uma prática já enraizada na vida do povo de Deus. Por que negar que podemos rezar pelos mortos, se pedimos às pessoas vivas que rezem por nós? Podemos rezar pelos mortos porque todos fazemos parte do Corpo de Cristo. Somos membros uns dos outros. Paulo é claro: “Se um membro sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento” (1Cor 12,26). 
Todos nós fazemos parte deste corpo de Cristo: Nós, os que estão na Glória e os que estão no Purgatório. Diz o Catecismo: “Desde os primórdios, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios (Orações) por eles, em especial o sacrifício eucarístico” (Dz 856). Está em pleno acordo com a Palavra de Deus em 2º Macabeus 12,46. Por que rezamos? Para exercer a maior caridade que é auxiliar com as preces a purificação que não podem mais merecer por si. É bom rezar pelos outros agora, por que um dia rezarão por nós. Como parte deste Corpo Místico, podemos merecer por eles que não podem merecer por si essa reparação dos pecados que não levam à morte. Um membro doente do corpo é recuperado pela saúde dos outros. A doutrina do Purgatório faz parte de nossa fé. Não sabemos como é. É um estado espiritual. Quando estivermos por lá, vamos entender. 
Participando da vida de Cristo
Rezar pelos mortos é mostrar nossa fé na Ressurreição. Esta fé nos garante a vida: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá. E todo o que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês nisso? Sim, Senhor, eu creio firmemente que Tu és o Messias, o Filho de Deus que deve vir ao mundo” (Jo 11,25-27). Ter fé é, no ensinamento de João, ter a Vida Eterna: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia… Aquele que crê tem a Vida eterna” (Jo 6,44.47). Ter a Vida Eterna é participar de Cristo que é a vida. A celebração dos mortos mostra com clareza que acreditamos na Vida de Cristo em nós. A narrativa da ressurreição de Lázaro vai além de um caso de amizade que termina numa ressurreição, mas é a demonstração da garantia de nossa ressurreição. Na oração da missa pedimos a Deus: “aumentai nossa fé no Cristo ressuscitado para que seja mais viva a nossa esperança na Ressurreição dos vossos filhos e filhas”. Queremos, com a celebração de hoje celebrar o sacramento pascal, a Eucaristia, para que os falecidos cheguem à luz e à paz da casa do Pai (pós-comunhão).
Certeza da Ressurreição
Podemos não admitir muitos ritos que celebramos na lembrança dos mortos, como flores, velas, visita aos cemitérios e outros elementos de outras culturas. Não os faríamos se não acreditássemos na vida que vai além da morte. Não acredito que alguém possa dizer que não crê na vida eterna se realiza tantos atos em favor dos mortos. Se rezamos, é porque cremos que a oração e em sua força purificadora. Não só a oração é útil, mas também a caridade, as boas obras e santa Missa. Não podemos perder a memória de nossos falecidos, pois eles são nossos intercessores junto de Deus. Eles vivem no amor de Deus e nos levam a Deus através de sua oração. Toda missa é também para todos os defuntos.

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