quinta-feira, 23 de julho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Na força do Espírito”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Jesus, vencedor do mal
            Jesus sai do batismo repleto do Espírito Santo. O Espírito, que o guia sempre, O conduz ao deserto para ser tentado. A primeira missão que lhe dá é vencer o demônio. A carta aos Hebreus escreve: “Ele foi provado em tudo, como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). O tentador O persegue com as palavras: “Se és o Filho de Deus”... como podemos ver também no momento de sua morte. A oposição diabólica ataca sua filiação divina. Essa tentação continua nos seguidores de Cristo. Ele quer destruir o grande dom de sermos filhos de Deus e o faz quebrando os laços do amor. No Paraíso o Demônio diz à mulher “sereis como a Deus” (Gn 3,5) e não filhos que acolhem a vontade do Pai. Jesus não vem disputar território com o mal, pois Ele está acima. Vem para “entregar o Reino a seu Pai depois de ter destruído todo principado, toda autoridade e todo poder. É preciso que Ele reine até que tenha posto todos os inimigos debaixo de seus pés” (1Cor 15,24-25). As tentações do cotidiano estão sob a mesma ameaça. É vivendo sob o Espírito que venceremos com Jesus. Fomos tentados quando era tentado, e vencemos em Sua vitória. Nos 40 dias de jejum, Ele medita a Palavra e nela encontra sua missão. Assim faremos nós.
Não só de Pão vive o Homem
            A humanidade, faminta de Deus, passa também pela fome do Pão. Há uma tentação ferrenha de comer todo o pão, sem mesmo dar as migalhas que caem da mesa. A tentação do ter aniquila o ser da humanidade. Tanta riqueza nas mãos de poucos e tão poucos comendo tudo. Riqueza é um buraco que se escava sempre mais. O coração engordado pelo excesso é incapaz de amar (Lc 21,34). Somente a força do Espírito será capaz de modificar esse quadro fúnebre. Ele colocará no coração de quem crê a capacidade de ter menos para ser mais e repartir melhor. Mãos abertas podem acolher mais. Mãos fechadas não se juntam nem para a oração. O mal do ter corrói o prazer de ousar amar. Jesus responde com a Palavra de Deus. Só ela pode nos orientar: “Não só de pão vive o homem” (Lc 4,4; Dt 8,3). O inimigo afasta nosso coração da Palavra para vivermos a ganância do ter. A confissão de fé salva, diz Paulo (Rm 10,10). O bom jejum é abster-se do egoísmo para ser filho e irmão.
Não tentarás o Senhor, teu Deus
            O Demônio leva Jesus ao ponto mais alto do templo e lá diz: “Se és Filho de Deus, o Messias, atira-te daqui abaixo”. Os anjos cuidarão de Ti. Havia uma tradição de que o Messias deveria iniciar sua missão do alto do templo e operar milagres prodigiosos.  Jesus sempre recusará ser o Messias de espetáculos. Repelindo essa tentação, Jesus retoma seu caminho de fidelidade ao Pai e responde: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Lc 4,12; Dt 6,16). No deserto, o povo passou por essa tentação. Jesus não quer o milagre fácil. Os sinais e milagres, que faz Jesus, são para a fé de quem busca Deus. Hoje pululam religiões que prometem milagres. O povo gosta. Jesus diz: “Não tentarás o Senhor teu Deus”.
Se prostrado me adorares
            O Diabo mostra-Lhe toda a riqueza do universo: “Tudo será teu se me adorares”. Fere novamente a amorosa filiação que Jesus devota ao Pai. “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás”, responde Jesus. Jesus é quem tem o poder no Céu e na terra. A tentação de fazer do prazer um deus, destrói a ação do Espírito no homem. Jesus respondendo com fidelidade à sua missão, pode continuar seu caminho. Cada homem, se fiel, vence com Jesus e estabelece um reino vitorioso no qual o Espírito é a força. 

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