Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.
Naquele
tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a obrigação de orar
sempre, sem desfalecer: «Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus
nem respeitava os homens. Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter
com ele e lhe dizia: 'Faz-me justiça contra o meu adversário.' Durante muito
tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: 'Embora eu não
tema a Deus nem respeite os homens, contudo, já que esta viúva me incomoda,
vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.'» E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo. E Deus não
fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e há-de fazê-los
esperar? Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas, quando o
Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Cassiano (c. 360-435),
fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n°9; SC 34
«É preciso orar sempre sem desfalecer»
O objectivo último do monge e a perfeição do
coração consistem numa perseverança ininterrupta na oração. Tanto quanto é dado
à fragilidade humana, trata-se de um esforço em direção a uma absoluta
tranquilidade da alma e a uma perfeita pureza de coração. É por esta razão que
devemos afrontar os trabalhos corporais e procurar por todos os meios a
verdadeira contrição do coração, com uma constância que não desfaleça.
Para ter o fervor e a pureza que deve ter, a oração exige uma
fidelidade total no que respeita aos seguintes aspectos. Em primeiro lugar, uma
libertação completa de todas as inquietações relacionadas com este mundo; não
pode haver assunto algum ou qualquer interesse que não deva ser totalmente
excluído. Do mesmo modo, renunciar à maledicência, à coscuvilhice, à palavra vã
e à zombaria. Acima de tudo, suprimir definitivamente as perturbações da cólera
e da tristeza. Fazer morrer em si todo o desejo carnal e o apego ao dinheiro.
[…] Após esta purificação, que assegura a pureza e a simplicidade, há que lançar
o fundamento inquebrantável de uma humildade profunda, capaz de sustentar a
torre espiritual que se pretende que chegue ao céu. Por fim, para que sobre ela
repouse o edifício espiritual das virtudes, é preciso proibir à alma toda a
dispersão em divagações e pensamentos fúteis. Então, um coração purificado e
livre começa pouco a pouco a elevar-se até à contemplação de Deus e à intuição
das realidades espirituais.
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