Quirino, tribuno romano, viveu entre os séculos III e IV. Sabe-se que se converteu ao cristianismo porque era o carcereiro dos Santos Alexandre, Evêncio e Teódulo. Ao ser também martirizado, suas relíquias foram levadas para Neuss, na Alemanha, de onde se difundiu seu culto, a partir do século XI.
Tribuno romano que viveu entre os séculos III e IV, Quirino aparentemente se converteu ao cristianismo porque era o guardião dos santos Alexandre, Eventius e Teódulo na prisão. Tendo morrido também como mártir, suas relíquias foram levadas para Neuss, na Alemanha, de onde o culto se difundiu a partir do século XI.
Martirológio Romano: Em Roma, no cemitério de Ponziano, na Via Portuense, São Quirino, mártir.
Segundo a passio dos santos Alexandre, Eventius e Teódulo, não anterior aos séculos VI-VII e de muito pouco valor histórico, Quirino seria o tribuno a quem foram confiados os três mártires depois de ter sido preso por ordem de Trajano. Convertido ao ver os milagres realizados por eles e batizado junto com sua filha Balbina, foi decapitado no dia 30 de março e seu corpo foi sepultado no cemitério do Pretestato. Um mártir Quirino é efectivamente indicado entre os que estão neste cemitério, na grande gruta, pelos Itinerários do século VII, aliás o seu nome também aparece numa epígrafe do século V, aí encontrada:
MRV IANUARI. FEL
E GOFF QUIRINI. MAIO(RIS)
O Martirológio Geronimiano de 30 de abril anuncia «Romae in cimiterio Praetextati via Appia Depositio Quirini episcopi». Segundo Delehaye, o elogio refere-se ao mártir mencionado nos Itinerários que só foi chamado bispo por erro do editor influenciado pela memória, no dia 4 de junho, do bispo homônimo de Siscia, porém sepultado em o cemitério de San Sebastiano sull'Appia.
Adônis acolheu Quirino em seu Martirológio, corrigindo a latercule do Geronimiano com base na referida passio e transferindo a comemoração para 30 de março. O louvor a Adônis passou para Usuardo e daí sempre até 30 de março no Martirológio Romano. Qualquer que seja o valor da notícia da passio, Quirino é um autêntico mártir romano que não deve ser confundido com o bispo de Síscia.
Segundo documento redigido em Colônia em 1485, o corpo do mártir foi doado em 1050 pelo Papa Leão IX a uma abadessa fonte; mais tarde chamam Gepa (e alguns dizem que é irmã do papa), de onde foi transferido para Neuss, no Reno (no entanto, uma igreja dedicada a ele já existia aqui por volta de 1000). Hoje ainda se acredita que esta cidade possua as relíquias de Quirino que é comemorado solenemente nos dias 30 de março e 30 de abril, como padroeiro principal. Durante o cerco sofrido por Neuss em 1471, a veneração do mártir atingiu o seu auge.
De Neuss o culto se espalhou para outras localidades germânicas, especialmente para Colônia, Bélgica e Itália, onde é o padroeiro de Correggio. Na Renânia, seu nome é dado por poços (Q. Brunnen), nascentes (Q. Wasser) e um passeio especial (Q. Ritt). Ele é invocado contra a podagra, contra a varíola e outras doenças e como protetor dos animais. Segundo Pompeo Ugonio, na História das Estações de Roma, o corpo de Quirino foi transferido para a igreja de Santa Balbina; mas Panciroli ignora o assunto. O mártir é representado como um cavaleiro com escudo de nove pontas, lança, espada, palmeira e falcão.
Autor: Benedetto Cignitti
ICONOGRAFIA
Quirino é um desses mártires romanos, pertencente à milícia, cujo culto em regiões distantes de Roma se deve à transferência de relíquias como presentes dos pontífices para soberanos e mosteiros ilustres. O santo, que a lenda diz ter sido tribuno, é representado sob a forma de um guerreiro, com rica armadura medieval e um estandarte. Às vezes, nove pontas estão impressas no escudo, uma alusão ao brasão da cidade de Neuss que foi o centro do seu culto, posteriormente estendido aos países renanos e germânicos.
De facto, disfarçado de jovem guerreiro, vemos Quirino, entre outras coisas, num fresco do século XV na igreja de San Goar, onde São Vito é seu companheiro. Dentre as atribuições citadas, destaca-se o escudo de formato inusitado, apoiado no solo, decorado com nove pontas.
Quirino às vezes também é representado como um mártir, amarrado a uma estaca, atormentado por pregos e martelos, com as mãos truncadas, todos detalhes da lenda que alimentou a inspiração dos artistas nórdicos. Por estes sofrimentos são atribuídos a Quirino vários patrocínios, como o dos que sofrem com a peste. Ligada a isto está a imagem na porta do retábulo do Juízo Final, de Stefan Lochner, na Galeria de Arte de Munique (século XV).
Dado que o culto a Quirino teve a sua maior difusão a partir do século XI, o fresco da cripta de São Gereão em Colónia pertence ao século XII, enquanto na igreja de São Cuniberto da mesma cidade o santo está representado num retábulo. Outras representações, incluindo as relativas ao martírio, encontram-se no vitral da Wiesenkirche em Soest na Vestfália (século XV) e numa série de cenas esculpidas nas cadeiras do coro da igreja paroquial de Calcar.
Autora: Maria Chiara Celletti
Fonte:
Biblioteca Sanctorum
Nenhum comentário:
Postar um comentário