São palavras que nos aproximam da realidade da vida interior do Beato Álvaro del Portillo e do seu trato com o Senhor, e que também podem ajudar-nos a nós a dar um novo impulso à nossa própria vida cristã.
Em primeiro lugar, Obrigado. É a reação imediata e espontânea que a alma sente perante a bondade de Deus. Não poderia ser de outro modo pois Ele sempre nos precede. Por muito que nos esforcemos, seu amor chega sempre antes, nos toca e acaricia primeiro, nos antecede sempre. Álvaro del Portillo era consciente dos muitos dons que Deus lhe concedeu, e dava graças a Deus por essa manifestação de amor paterno. Mas não ficou nisso; o reconhecimento do amor do Senhor despertou no seu coração desejos de segui-lo com maior entrega e generosidade, e de viver uma vida de humilde serviço aos demais. Destacava-se especialmente o seu amor à Igreja, esposa de Cristo, à qual serviu com um coração despojado de interesses mundanos, longe da discórdia, acolhedor para com todos e buscando sempre o lado positivo nos demais, o que une, o que constrói. Nunca uma queixa ou crítica, nem sequer nos momentos especialmente difíceis, quando, como aprendeu de São Josemaria, respondia sempre com a oração, o perdão, a compreensão, a caridade sincera.
Perdão. Frequentemente manifestava que se via diante de Deus com as mãos vazias, incapaz de corresponder a tanta generosidade. Mas a confissão da pobreza humana não é fruto da desesperança, mas de um confiado abandono em Deus, que é Pai. É abrir-se à sua misericórdia, ao seu amor capaz de regenerar a nossa vida. Um amor que não nos humilha, nem nos afunda no abismo da culpa, mas que nos abraça, nos levanta da nossa prostração e nos faz caminhar com mais determinação e alegria. O servo de Deus Álvaro sabia da necessidade que temos da misericórdia divina e dedicou muitas energias pessoais para animar as pessoas com quem se relacionava a se aproximarem do sacramento da confissão, sacramento da alegria. Como é importante sentir a ternura do amor de Deus e descobrir que ainda há tempo para amar.
Ajuda-me mais. Sim, o Senhor não nos abandona nunca, sempre está ao nosso lado, caminha conosco e cada dia espera de nós um novo amor. A sua graça não nos faltará, e com a sua ajuda podemos levar o seu nome ao mundo inteiro. No coração do novo beato pulsava o afã de levar a Boa Nova a todos os corações. Por isso percorreu muitos países fomentando projetos de evangelização, sem reparar nas dificuldades, movido pelo seu amor a Deus e aos irmãos. Quem está muito unido a Deus sabe estar muito perto dos homens. A primeira condição para lhes anunciar a Cristo é amá-los, porque Cristo já os ama antes. É preciso sair dos nossos egoísmos e comodidades e ir ao encontro dos nossos irmãos. É ali que o Senhor nos espera. Não podemos ficar com a fé só para nós mesmos, é um dom que recebemos para doar e compartilhar com os demais.
Obrigado, perdão, ajuda-me! Nessas palavras expressa-se a tensão de uma existência centrada em Deus. De alguém que foi tocado pelo maior Amor e vive totalmente desse amor. De alguém que, mesmo experimentando as suas fraquezas e limitações humanas, confia na misericórdia do Senhor e quer que todos os homens, seus irmãos, também a experimentem.
Papa Francisco – Carta por ocasião da beatificação de Álvaro Del Portillo
Dom Álvaro del Portillo nasceu em Madri (Espanha) no dia 11 de março de 1914, numa família de profundas raízes cristãs, e era o terceiro de oito irmãos. Doutorou-se em Engenharia Civil, e mais tarde em Filosofia e em Direito Canônico. A vida de Álvaro del Portillo está estreitamente unida à do Fundador da Opus Dei São Josemaria Escrivá. Permaneceu sempre ao seu lado até o mesmo momento da sua morte, em 26 de junho de 1975, colaborando com São Josemaria nas tarefas de evangelização e de governo pastoral. Viajou com ele a numerosos países, para preparar e orientar os diversos apostolados do Opus Dei. “Ao advertir a sua presença amável e discreta ao lado da dinâmica figura de Mons. Escrivá, vinha-me ao pensamento a figura de São José”, escreverá após a sua morte o Padre John O´Connor.
A 15 de setembro de 1975, no congresso geral convocado após a morte do fundador, D. Álvaro del Portillo foi eleito para lhe suceder à frente do Opus Dei. Em 28 de novembro de 1982, quando S. João Paulo II erigiu o Opus Dei como prelatura pessoal, nomeou-o Prelado da nova prelatura. Oito anos depois, a 7 de dezembro de 1990, nomeou-o bispo e, em 6 de janeiro de 1991, conferiu-lhe a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro.
Ao longo dos anos em que esteve à frente do Opus Dei, D. Álvarodel Portillo promoveu o início da atividade da Prelatura em 20 novos países. Nas suas viagens pastorais, que o levaram aos cinco continentes, pregou a milhares de pessoas do amor a Deus, a Nossa Senhora, à Igreja e ao Papa, e anunciou com persuasiva simpatia a mensagem cristã de São Josemaria sobre a santidade na vida corrente.
Na Opus Dei ele é celebrado no dia 12 de maio. Dia em que, o jovem Álvaro del Portillo recebeu a Primeira Comunhão na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Madrid, em 1921.
A biografia escrita pelo postulador da causa, indica que o Beato Álvaro "manteve muito viva, até à morte, a recordação da primeira vez que recebeu Jesus Sacramentado". Assim, por exemplo, em 1983 confiava a um pequeno grupo de pessoas: "São 62 ou 63 anos a comungar diariamente, é uma carícia de Deus".
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